[Review] Twinesuns – The Empire Never Ended (2017)

2 min


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1. Simon The Magus (8:32)

2. Die Zeit Ist Da (13:38)

3. System Regained (11:03)

4. Pneuma (6:07)

5. The Empire Never Ended (10:43)

6. Going Through Life With Eyes Closed (9:51)

7. Firebright (12:18)

Drone metal / Krautrock, Pelagic Records

Aqui no Groundcast a gente recebe de vez em quando algumas bandas muito peculiares. Twinesuns é um desses grupos que precisam ser degustados por ouvidos bastante treinados e mentes muito abertas a experimentalismos.

O que chama a atenção no grupo é a ausência de bateria ou qualquer tipo de percussão e o disco mais recente, The Empire Never Ended, não foge dessa regra. Musicalmente traz uma série de drones de guitarra com diversos efeitos e amplificações, criando texturas em conjunto de sintetizadores Moog e linhas de baixo, aliado ao uso de ruídos muito bem colocados.

Este álbum é inspirado na trilogia do escritor Philip K. Dick chamada Valis. Nesta trilogia, composta pelos livros VALIS, A Invasão Divina e A Transmigração de Timothy Archer, o escritor passou a experimentar uma série de visões e diversos fenômenos cognitivos, tornando-se o romance mais estranho e filosófico escrito por Philip. Ele também é autor de Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, que inspirou o filme Blade Runner, além de ter servido de inspiração para outros trabalhos como Total Recall, Minority Report e o Exterminador do Futuro.

O enredo da trilogia VALIS casa de forma perfeita com a sonoridade de The Empire Never Ended, trazendo uma ambientação bastante profunda, com toques minimalistas, que levam o ouvinte a paisagens criadas pela barreia do som e que se inspiram muito no conceito de viver em múltiplas realidades apresentado por Philip K Dick. As duas primeiras músicas se baseiam no primeiro livro da trilogia, que remete ao estado de loucura do narrador Phil e seu alter ego, Horselover Fat. Elas trazem um drone cortante, monótono, na linha dos grandes mestres do Earth e do Khanate.

As três músicas seguintes, System Regained, Pneuma e The Empire Never Ended, cobrem o segundo livro, quando o narrador toma contato com as revelações divinas na figura de Herb Asher e sua busca para evitar o fim dos tempos. A música acompanha trazendo o mais puro krautrock com claras referências ao Tangerine Dream, sobretudo no uso intenso de sintetizadores e pouco uso dos drones, mais perceptível ao final das canções, para formar uma ligação entre elas.

E as duas últimas, Going Through Life With Eyes Closed e Firebright, sonorizam o ultimo livro da trilogia, que remete a história de Timothy Archer, que busca um cogumelo que seria a conexão com o secto de Zadoque e que traz uma série de personagens obcecados e que procuram pela verdade além de Deus. Aqui as músicas ganham um ar mais próximo ao do Sunn, com drones mais intensos e mais graves, além de usarem menos os sintetizadores.

No geral, é um disco muito interessante, muito experimental e bastante único. Talvez o único problema que eu tenha com o disco seja que ele se torna um pouco repetitivo em alguns momentos. A impressão que dá é que tudo é uma grande faixa sem intervalos e talvez ele funcionasse melhor assim. Ouvido de uma vez só nota-se o todo, como ele funciona e se organiza, mas pelas partes fica cansativo.

Twinesuns – The Empire Never Ended
  • Nota Geral - 9.5/10
    9.5/10

Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.