Após um longo período sem resenhas, estou novamente aqui, compartilhando alguma informação sonora destinada a diletantes sonoros.
Bom, falaremos de algumas bandas que estão sob o selo da Denovali Records, que alías é uma grata surpresa enquanto gravadora. A presente resenha abordará algumas bandas (e personas) desconhecidas para a maioria do público: Povarovo, Talvihorros, Hidden Orchestra, Besarin Quartett e alguns cidadãos como Christian Fennesz, Greg Haines e Eugênio Caria e seu projeto Saffronkeira.
Antes de falarmos das bandas, passemos pela Denovali Records. A Denovali é um selo de música independente alemã fundada em 2005 visando dar suporte às sonoridades “emergentes” em diferentes estilos, pouco convencionais e mais sombrios, majoritariamente experimental. “Denovali Records is a Germany based independent music label founded in 2005. Not confined to a specific genre the label supports worldwide sound researchers. The program of Denovali Records varies from sometimes improvised darker experimental sounds, ambient, drone, indie and electronica to darkjazz, jazz or piano and string driven modern compositions.“
A produção de materiais bastante consistentes é o que chama bastante atenção, além do leque considerável de músicos, há versatilidade por parte da gravadora para investir nessas sonoridades não-comerciais (ao público convencional) e bastante empenho (o que é crucial para tamanha produção) , já que a mesma produz um festival visando oportunidades de exibição, não se restringindo apenas aos músicos de seu selo. “Since 2007 the label curates and organizes a three days music festival called Denovali Swingfest. Focussed on experimental music the lineup offers a wonderful opportunity to discover a wide range of international denovali artists live and is rounded off by various renowned non-label guest artists. A hallmark of the festival is the renunciation of the headliner principle: all artists are receiving the same attention – the length of each artist’s concert is equal. In addition to the musical program the festival features yearly changing specials like an experimental film cinema, installations or lectures.” Bom, esse pequeno “quote” corrobora minhas palavras, vamos às bandas, primeiramente…
Besarin Quartett e Povarovo são gratas surpresas a este que vos fala, assim como creio que será a todos aqueles que são fãs de Darkjazz/Doomjazz, fãs de “Bohren & Der Club of Gore”, “The Kilimanjaro Darkjazz Ensemble” e seu “alter-ego” para as ocasiões de show “The Mount Fuji Doomjazz Corporation”; certamente receberão tais bandas com bastante hospitalidade. É interessante citar essas três bandas (que na verdade são apenas duas), dado que são elas os pilares desse “novo” estilo, principalmente a alemã Bohren (que começou suas atividades na primeira metade dos 90’s), talvez porque até alguns anos atrás o estilo parecia restrito a apenas elas (aqui considere o referencial deste que vos fala). A francesa “Dale Cooper And The Dictaphones” é outra banda do estilo que lançou seu primeiro disco em 2007 e que também tem seus trabalhos produzidos e lançados pela Denovali e que merece menção.
Passada essa breve digressão, vamos lá!
Povarovo!
Povarovo tem suas origens na gélida e inexorável “mother Rússia”, sendo que apareceram em 2010 com o full lenght de mesmo nome. A banda tem a receita típica do dark/doomjazz, um drone de fundo provendo ensejos sorumbáticos, marcações de tempo mais lentas tal qual a bateria e pratos que vez ou outra quebram o ritmo acelerando-o, e a presença proeminente em momentos oportunos do sax, piano ou ainda trompete (típicos elementos destacados de tal estilo), baixo marcante e guitarras recatadas, além de outros elementos inefáveis.
Os caras acabaram de lançar outro disco neste ano, o chamado “Tchernovik”, disco bastante consistente e regular que certamente merece figurar nas listas de destaque do ano deste site. Interessante observar que tal disco, na medida em que vai se aproximando do fim, torna-se mais Drone em detrimento do Darkjazz conspícuo das primeiras faixas, sendo que o panículo adjacente, (tomando emprestado o termo da biologia) é o Dark Ambient, muito bem postado, com sax e pianos ditando o tempo vez ou outra com a “intromissão” de um trompete soturno. A música que merece destaque por conseguir evidenciar a consistência e versatilidade do grupo e resumir o mosaico de estilos influentes, é a penúltima música, Black Powder, que é uma música complexa e que mostra a versatilidade sonora do grupo, ainda que esse cd seja mais restrito ao darkjazz com pitadas de drone, alterna momentos desde o darkjazz até o drone “rugoso e áspero” do sunn O))) com guitarras super distorcidas, sendo que nesse interstício de estilos podem ser ouvidos ambientações progressivas e um drone peculiar, que passa de soslaio pela maioria das músicas do disco…
Disco consistente e muito bem trabalhado, um excelente adendo ao estilo darkjazz.
Aí estão os três sujeitos responsáveis:
– 201 [ keyboards, guitar ] – fish [ trumpet, clarinet ] – 8449494 [ bass, violoncello ]
Povarovo
Tchernovik
2012
Tracklist:
01 – Nothing Going
02 – Dumb And Short
03 – After Breake
04 – Methro Nome
05 – Hopen Head
06 – Newborn
07 – Ronald
08 – My Song 2224
09 – Pro Romance
10 – Faq Short
11 – J.S. Bach
12 – Breath
13 – Never Boiler
14 – Black Powder
15 – Un Der Mike