SHIVERED: “Metal é muito popular aqui, especialmente o doom e o prog metal”

4 min


0

You can read this post in: English

O metal é um estilo que transcende barreiras e ecoa no coração em países mais inusitados. Shivered é uma banda de doom metal persa formada em 2015 por Mohammad Maki, atualmente o único membro responsável pelas guitarras, baixo, bateria (programada) e vocais.

A gente tem a honra de entrevistar Mohammad Maki para saber um pouco mais sobre sua jornada musical, as influências que moldam o som melancólico do Shivered, os desafios de tocar metal no Irã e o processo por trás de seu mais recente trabalho, “Existential Mourning”, além da sua experiência de compor e produzir como um artista solo e a esperança de, um dia, poder tocar legalmente em seu país natal.

Para começar, você poderia nos contar sobre você e o que te levou a fazer música pesada?

Mohammad Maki: Comecei a ouvir Rock e Metal aos 11 anos e, basicamente, me tornei outra pessoa ao entrar nesse mundo. Estes estilos significaram muito mais para mim do que apenas música, então, imediatamente, queria fazer minhas próprias músicas. Pedi muito aos meus pais para comprarem uma guitarra e, alguns anos depois, fundei uma banda de Metal Alternativo chamada Lorn. No entanto, já existia outro artista com o mesmo nome e eu não queria ter problemas com direitos autorais e, por esta razão, decidi encerrar as atividades. No final de 2015 fundei o Shivered.

Quais bandas ou artistas mais influenciaram sua música?

Mohammad Maki: Há muitos, mas os que mais influenciaram foram Katatonia, Opeth, Warning, My Dying Bride e Swallow the Sun.

Você poderia compartilhar mais sobre o seu processo de composição de “Existential Mourning”?

Mohammad Maki: Começou por volta de maio de 2023. Não queria me repetir, então me esforcei ao máximo para evitar o clima e o sentimento do álbum anterior e criar algo diferente. O grande desafio foi que, desta vez, toquei todos os instrumentos, fiz a produção e tudo pela primeira vez. Foi um pouco assustador, para ser honesto. Eu regravei os vocais umas mil vezes, mas acho que valeu a pena.

Como é para ti a experiência de criar música sozinho, sem uma banda regular? Embora um processo solitário permita a expressão mais pessoal, não ter alguém para compartilhar isso deve ser desafiador.

Mohammad Maki: Meu irmão é o único que ouve as minhas músicas antes do lançamento e confio apenas nele para me dizer se estão ruins ou não. Seria de grande ajuda se eu pudesse formar uma banda e cada um fazer sua parte, compartilhando suas opiniões, mas é o que temos no momento. Espero que, no futuro próximo, o Shivered possa deixar de ser somente eu.

Qual é a sua abordagem para produzir a atmosfera sombria e melancólica de “Existential Mourning”?

Mohammad Maki: Meu álbum de estreia, “Journey to Fade”, era mais algo como gothic rock ou metal, mas queria mudar a direção para uma sonoridade mais doom ou gothic doom metal. Essa era a ideia para “Existential Mourning” e me esforcei para evoluir o som do Shivered para alguma coisa mais original, experimentando com sintetizadores e outros sons.

Houve alguma experiência particular durante a criação de “Existential Mourning” que se destacou para você?

Mohammad Maki: Eu lembro de ficar louco porque minha guitarra barata desafinava a cada minuto. Não queria que o ouvinte sentisse que apenas uma pessoa fez “Existential Mourning”, então demorei o tempo necessário e fiz o meu melhor com guitarras, baixo, programação de bateria, mixagem, masterização e arte da capa. Demorou muito e enfrentei muitos problemas e contratempos durante a produção, mas consegui resolvê-los.

Sei que o Irã não é o país mais receptivo para músicos de metal, muitos deles não têm permissão para tocar abertamente. Considerando esses desafios, como é a situação do país hoje para esse tipo de música?

Mohammad Maki: Metal é muito popular aqui, especialmente o doom e o prog metal. Mas, pela lei daqui, é proibido tocar metal. Claro que podemos fazer shows ilegais, mas é perigoso demais. Então preciso manter um perfil muito discreto e não promover minha música de forma alguma no país, mas espero que mude para que a vida se torne mais fácil para a gente.

Como o Shivered tem sido recebido? Sua música é bela e melancólica, o que não é típico para fãs de metal que costumam preferir sons mais pesados.

Mohammad Maki: Ainda não fui mencionado por nenhuma fonte de mídia mainstream famosa, mas sou grato pela pequena base de fãs que o Shivered tem. Eu não sou famoso, mas espero que, talvez um dia, possa viver de fazer música. É um sonho e, mesmo que pareça meio impossível, nunca digo nunca!

Como um site brasileiro, sempre perguntamos às bandas se conhecem alguma banda brasileira. Há alguma banda brasileira que você gosta ou conhece?

Mohammad Maki: Infelizmente, só consigo lembrar de uma banda: “Sepultura”. E fico envergonhado por não conhecer muitas bandas brasileiras, mas vou tentar encontrar e ouvi-las, já que vocês mencionaram. Prometo.

Finalmente, gostaria de agradecer muito pela sua atenção. Poderia deixar uma mensagem para os nossos ouvintes? Vamos lá!

Mohammad Maki: O Brasil é um país incrível, gostaria muito de visitá-lo algum dia e, quem sabe, poder fazer shows aí. Vocês são maravilhosos e obrigado por essa entrevista fantástica.

Links Relacionados

Bandcamp

Instagram

SoundCloud

YouTube


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.