Swallow the Sun: Entrevista Exclusiva

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O Swallow the Sun é um grupo finlandês bastante conceituado no meio metal. Sua mescla de doom/death metal atrai muita gente, sobretudo quem não é fã do estilo. Juha Raivio, guitarrista e fundador da banda concedeu uma entrevista para o Groundcast.

Juha Raivio, guitarrista

Raivio, obrigado por nos conceder esta entrevista. Ficamos muito felizes, já que existem muitos fãs do Swallow The Sun no Brasil. Para iniciarmos, conte-nos como foi o seu início no mundo da música.

Muito obrigado. Formei a banda em 2000 e demorou mais dois anos para eu encontrar as pessoas certas para tocar comigo e gravar a primeira demo. Duas semanas após o lançamento da demo o selo Firebox nos ofereceu um acordo. Gravamos os dois primeiros álbuns (The Morning Never Came e Ghosts of Loss) até assinarmos com a Spinefarm. Lançamos ao todo quatro álbuns e um EP e nosso novo álbum sairá no dia 1 de fevereiro de 2012.

O que significa o nome Swallow The Sun?

O nome vem do nosso inverno eterno. Quando chega a estação parece que alguma coisa vai “engolir o sol”. Dificilmente se vê o sol durante meses nesta época. Há também muitos antigos contos nórdicos sobre eclipses e sobre algo que “engole o sol”, o que significa que o fim do mundo está próximo.

Quais seus artistas favoritos e quais te influenciam

Há tantos artistas favoritos… mas acho que os que têm claramente alguma influência em mim são o Rush, Marillion, Iron Maiden, Type O Negative, My Dying Bride, Candlemass e Duran Duran!

O Swallow the Sun vem de uma cena muito restrita, que é a do doom metal, onde existem muitas bandas e um público menor, como um gênero pouco apreciado pelos fãs de metal em geral. Como o público de vocês?

Temos sorte e conseguimos um monte de fãs fora da cena doom metal. Mas isso é só porque temos apenas algumas coisas na nossa música que nos liga ao doom metal “real”.  Estamos contentes em ter uma grande base de fãs em toda a Europa e América do Norte, por onde temos viajado bastante. Estou feliz pelas pessoas estarem com a mente mais aberta em ambos os lados, tanto do lado doom metal e quanto dos outros estilos dentro do metal, por isso há mais espaço para nós também.

Por um tempo, vocês excursionaram com Apocalyptica, tocando para um público não familiarizado com o doom metal. Como foi a experiência?

Foi fantástica. Normalmente tocamos nossas músicas “mais rápidas” em shows como este e, em seguida, colocamos no setlist as músicas mais lentas para dar ao público um gostinho destas músicas mais lentas também. É muito mais difícil chamar a atenção das pessoas quando você não toca muito rápido com muitos solos e outras porcarias e correndo ao redor do palco. Mas as pessoas parecem realmente entrar na música mais lenta se você der a elas a chance, temos visto muitas pessoas gostando deste metal mais lento.

Como você avalia a cena doom metal hoje?

Eu não tenho ideia. Não entendo muito sobre a cena porque eu tenho minhas velhas bandas favoritas e faço minhas próprias coisas ao mesmo tempo. De vez em quando eu ouço algumas boas bandas novas de doom/death metal e me deixa feliz ver que as pessoas querem tocar um metal mais e mais lento. Acho que há bandas suficientes no mundo que cantam sobre dragões, espadas e vikings. A alma e a atmosfera são mais importantes na música e acho que esses sentimentos são mais fáceis de alcançar com uma música mais vagarosa. Estou feliz por ver que as pessoas querem conhecer mais bandas que tenham uma alma e coração verdadeiros em suas músicas, não apenas uma bateria rápida, solos e navios vikings, hahahahaha.

Uma comparação que sempre surge é de vocês com My Dying Bride. Você gosta disto? Qual a sua opinião?

O My Dying Bride foi a razão pela qual criei o Swallow The Sun e sempre digo às pessoas que se alguém nos comparar com eles eu serei um homem feliz. Eles são os chefões do doom / death e talvez a influência mais importante para mim.

Hoje podemos dizer que vocês se tornaram ícone do gênero, especialmente para jogar um doom metal / death (que entre os subgêneros do doom é o mais aceito). Como é fazer parte disto?

É inacreditável. Depois que saiu a primeira demo eu estava feliz por jogar os demônios para fora e tudo o que saiu após isto foi lucro. Saber sobre bandas dizerem que somos sua maior influência é gratificante, mas fico contente por ter trazido algo novo e diferente ao doom / death.  Certamente apenas queremos tocar nosso doom/death e leva-lo o mais longe possível.

 Muitas bandas finlandesas têm sido bem sucedidas em todo o mundo, como Apocalyptica, HIM e The 69 Eyes. Qual é a sua opinião sobre isso?

É ótimo ver bandas de metal finlandesas ficarem grandes e respeitadas no mundo todo. Temos uma grande quantidade bandas de metal neste país e até mesmo as crianças estão ouvindo e tocando em bandas de metal. Acho que há algo em nossa água potável que faz as pessoas gostarem de uma música mais sombria.

Desde o primeiro disco, “The Morning Never Came” e “New Moon” é uma perceptível uma aproximação com o death metal melódico, tirando um pouco da lentidão do doom. Às vezes, o “New Moon” lembra o Katatonia nos discos pós-Doom (especialmente no Tonight’s Decision). Esta linha se seguirá no próximo disco?

Sim. Em cada álbum quisemos ir cada vez mais longe nos extremos da nossa música. Desejamos que o nosso material mais sombrio e lento seja ainda mais sombrio e lento, por isto queremos também que a beleza da música fique cada vez mais bela. Não temos medo de soarmos mais suaves ou mais sombrios, tudo vem do coração e é a coisa que faz a música ser verdadeira ou não.

Conte-nos sobre um momento inesquecível para a banda.

Bem, temos passado por muitos momentos inesquecíveis, como viajar pelo mundo e conhecer gente e outras durante as turnês, isto é inacreditável. Mas acho que quando nós, em 2007, chegamos às paradas finlandesas em terceiro lugar, com o disco “Hope”… bem, sentimos muito estranheza por estar entre a Madonna e o U2, haha ​​… isso só pode acontecer na Finlândia!

Com quais artistas gostaria de tocar?

É claro que tocar com Type O Negative não vai acontecer mais, mas tocar com o My Dying Bride seria ótimo. Opeth seria ótimo para sair em turnê e com o Katatonia já fizemos muitas turnês.

O doom metal tem muitas subdivisões, com gêneros que vão desde o mais tradicional (como Candlemass, por exemplo) até o mais experimental (Suun O))) e Khanate, ambas formadas por Stephen O’Malley). Isso é positivo? De que maneira?

Toda música que ficar apenas em sua caixinha eventualmente irá morrer. Assim, para manter vivo o doom você precisa de todas as bandas diferentes para expandir o som e manter a música viva. As pessoas começaram a ouvir o doom tradicional e todo o tipo de música “doom” porque ouviram a gente primeiro. Então, todos os diferentes rios levam eventualmente a um mar maior.

Uma das grandes dificuldades em alguns países (como o Brasil) é comprar um cd, tornando o download ilegal de músicas mais viável. O que você acha do download de mp3? Isso atrapalha a banda de que maneira?

Sim, é uma pergunta difícil para um músico que quer viver de música. Não há nenhum problema com o download, se levar mais tarde a comprar o álbum no show, ou apoiar a banda, comprando o merchandising. Eu, pessoalmente, quero possuir um pedaço da música das minhas bandas favoritas, comprando o álbum ajudando-a, é mais como possuir uma pintura de seu artista favorito. Há algo mágico em ter a música numa forma que ela realmente exista em suas mãos, e não apenas um arquivo em seu computador. Estou feliz em ver que o vinil está voltando porque essa é a melhor maneira ter a música para si.

Obrigado também para a entrevista e aqui é o seu espaço para deixar uma mensagem para os leitores de Groundcast.

Obrigado pela entrevista. Espero tocar em seu país em breve. O longo inverno está chegando aqui de novo, então dou adeus ao sol e minhas bolas estão congelando, socorro!

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Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.