Ziúr – Eyeroll (2023)

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Ziúr é uma produtora e musicista experimental de Berlim e o que posso dizer é que a música dela é estranha ao ponto de mesclar coisas que não deveriam funcionar juntas. Mas funcionam. E ao mesmo tempo soam estranhas. Incomodam. E ainda sim, funciona tudo muito bem.

Este certamente é o trabalho mais punk lançado pela Hakuna Kulala lá de Uganda, com a participação de Juliana Huxtable, Iceboy Violet e outros artistas. Tudo isso se junta numa musicalidade tão difícil de explicar, quase como um mantra hipnótico que se convida para ouvir e, ao mesmo tempo, te afasta das suas convicções.

“Eyeroll” desafia qualquer classificação, apresentando uma sonoridade que se assemelha a um industrial-folk ou, quem sabe, algo entre o industrial, o tribal e o techno. O disco, marcado por composições ásperas e desconexas, destaca-se por ser propositadamente indigesto aos ouvidos mais acostumados ao pop, ao convencional.

Musicalmente soa como se ruídos fossem tocados na forma de um jazz/hip-hop, com momentos da mais pura entropia sonora. Há também um baita tributo ao Throbbing Gristle em muitas composições, com “99 Favor Taste” soando como “Hamburger Lady” e um spoken word macabro e tenso, contando com a participação de Juliana Huxtable, poeta e artista experimental americana.

A atmosfera de “Eyeroll” é instável e perturbadora, com seções rítmicas dissonantes e vocais ásperos, duros, distorcidos. É um tipo de ironia sonora que nos acalenta com uma violência muito grande, como uma forma de nos tirar da nossa zona de conforto.

Coisa finíssima, eu não perderia esse disco por nada.

Ziúr – Eyeroll
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Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.