Eu gosto de separar a lista de lançamentos brasileiros porque, pelo menos para mim, é importante dar destaque a artistas da nossa terra. Também é bom para que as pessoas saibam que existe muita coisa legal produzida aqui, muito artista independente lançando seus trabalho e que muitas vezes as pessoas ignoram. Uma pena, pois neste caso aqui vocês conhecerão alguns dos trabalhos mais bacanas que saíram e que 2019 tenhamos mais gente dando as caras.
Hanging Freud – Nowhere
Um belo trabalho da dupla Paula Borges e Jonathan Skinner, apresentando um belo darkwave, bastante atmosférico e sombrio.
Jota Dale Combo – Exú
A primeira vez que eu ouvi falar do Jota Dale foi num show do Satanique Samba Trio. E com o lançamento de Exú, baseado sobretudo na música dos terreiros, temos aqui algo que foge um bocado do que se faz no SST e somos apresentados a um excelente álbum de jazz, que decerto deveria ser ouvido nesse começo de 2019.
Merdada – Hang Loose para Jesus
Decerto o melhor crossover desse ano. Junte os punks do Merda com o pessoal do hardcore crossver do Facada e tenha em mãos uma das coisas mais lindas da música extrema, regada a anti-coxinismo e muita cachaça.
E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante – Fundação
Primeiro disco do E a Terra Nunca me Pareceu tão Distante, depois de vários singles e EPs, apresentam um amadurecimento sem precedentes, que conseguiu transmitir muita coisa dos shows ao vivo (que são indiscutivelmente muito melhores que qualquer registro físico).
Between Summers – Leaves
Foi uma das primeiras (se não a primeira) entrevista que fiz nesse ano de 2018 para o podcast e posso assegurar a todos que se trata de uma banda com muito potencial. Vocês deveriam ouvir mais de uma vez, inclusive.
Cadu Tenório – Corrupted Data蝶とクジラ
Cadu Tenório é um dos mais prolíficos artistas de música experimental aqui no Brasil, com muitos de seus trabalhos possuindo uma qualidade inquestionável. Não seria diferente com este colosso de duas horas e meia de duração em 32 músicas, quase como uma trilha sonora de um filme cyberpunk.
Surra – Ainda Somos Culpados
O Surra é uma das reservas morais do rock nacional. Esse ano, em meio a eleições marcadas por Fake News, bolsas de merda, patos infláveis e outras bizarrices, eles conseguiram colocar para fora toda uma indignação contra o nosso governo de antes e também o próximo.
Facada – Quebrante
Grindcore como tem que ser. E sim, é um puta de um caralhão esse disco.
Gosotsa – O Sol tá maior III
Existe algo interessante na música do Gosotsa, que é ter como base o hard rock dos anos 1980, mas tocado de um modo completamente diferente. Posto isso, espere um disco com canto quase reduzido à fala, compassos não-convencionais, atonalismo e tudo aquilo que a gente espera em grupos de prog mais estranhos.
Krisiun – Scourge Of The Enthroned
Verdadeiramente eu gosto do Krisiun e acho que eles têm trabalhos magníficos, que ofuscam alguns dos discos meia-bomba deles. E nesse eles trazem algo com um pouco mais de melodia, sem abrir mão da brutalidade.
Desgraça – Madrugada
Eu sou um grande fã do DeFalla, sobretudo pela coragem em mesclar ritmos que roqueiros torcem o nariz até hoje. E o Desgraça vai numa linha parecida, mesclando o funk carioca e toda a sua sujeira com o sludge e o hardcore, numa pegada ao mesmo tempo pesada, angustiante e dançante.
The Lautreamonts – Who Are You Wearing?
Tive de fazer um edit bem rápido porque eu estava quase me esquecendo desse trabalho. Uma das mais gratas surpresas neste ano foi ouvir algo que é uma mistura muito legal de Dead Can Dance com Siouxsie & the Banshees. É muito bonito, muito bem produzido e está no mesmo nível das bandas de post-punk internacionais.
Fiasco do ano: Angra – Ømni
A gente dedicou um podcast inteiro pra explicar como esse disco é incrivelmente ruim, embora ainda seja melhor que o Secret Garden, de 2014. Mas ainda sim precisa melhorar muito (ou talvez o fã médio do Angra não esteja lá muito exigente mesmo).