Minha lista pessoal de melhores do ano – Internacional

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Este ano de 2018 foi muito bom e me fez ouvir muito mais metal do que eu ouvia antes. Isso é sinal de que mais bandas criativas apareceram e sair do meio mais convencional da música pesada também é bom, sobretudo porque o ano foi muito longo para ficar ouvindo as mesmas coisas.

Nesta lista tem de tudo e eu acho que nem vai abranger exatamente tudo o que eu ouvi este ano, mas tem muita coisa legal e, no final, uma playlist com uma música de cada disco indicado aqui. Então espero que gostem e apreciem sem moderação.

 

Arms And Sleepers ‎– Find The Right Place

Sensacional é pouco para este disco. Se existe algo que é digno de nota é que eu não sou um grande fã de trip-hop e esse trabalho me pegou de surpresa. Excelentes músicas, um trabalho de muito bom gosto da dupla composta por Max Lewis e Mirza Ramic. É um daqueles trabalhos que merecem muitas audições.

Dead Can Dance ‎– Dionysus

Dead Can Dance deveria ser um adjetivo, pois qualquer coisa que o Brendan Perry e a Lisa Gerrard fazem juntos não é menos que excepcionalmente foda.

Laibach ‎– The Sound Of Music

O Laibach resolveu reinterpretar este trabalho, proveniente do musical de mesmo nome. Só que o jeito do grupo é sempre fazer covers e torná-los diferentes, acrescentando sempre uma mensagem de teor altamente sarcástico. Altamente recomendado.

A Forest Of Stars ‎– Grave Mounds And Grave Mistakes

Black metal tem se renovado cada vez mais, seja pela adoção de epítetos como o do post-black metal e o blackgaze, seja com bandas mais experimentais. A Forest of Stars acertou em cheio com um dos trabalhos mais ríspidos e mais grandiosos de sua carreira, aliando spoken words, rock psicodélico e o mais cru e denso black metal.

Bosse-De-Nage ‎– Further Still

Conheci este ano os americanos do Bosse-de-Nage e fiquei impressionado com a qualidade técnica deste álbum, uma mescla perfeita entre o black metal e o post-hardcore, um som extremamente veloz e impressionante de ser ouvido.

Imperial Triumphant ‎– Vile Luxury

A primeira vez que ouvi esse disco eu fiquei de queixo caído, uma vez que neste álbum tem o black metal mesclado perfeitamente com a música erudita, com o metal progressivo, com o jazz e até com o krautrock. Tudo isso de forma orgânica, que faz muito sentido e permite a deflagração de uma música estranha, desarmônica e extremamente complexa.

Uniform ‎– The Long Walk

Conheci esse projeto de noise / metal por conta do excelente split, lançado este ano, em parceria com o The Body, Mental Wounds Not Healing. Rispidez, combinações estranhas de música, referências que vão do sludge ao hardcore, tudo faz de The Long Walk estar muito acima da média do que se tem lançado dentro do metal e do rock.

The Body – I Have Fought Against It, But I Can’t Any Longer.

Já que falei do The Body, não tem como não destacar este sensacional trabalho, numa mistura dura e crua de sludge com industrial. É bruto, é melódico, é sensacional.

Thou ‎– Magus

Depois de lançar três EPs maravilhosos (    The House Primordial, Inconsolable e Rhea Sylvia), os reis do sludge nos presenteou com este que pode ser dito como um dos melhores trabalhos do gênero lançado este ano. Com direito a riffs bem sujos, drones e outras coisas a mais, decerto que precisa muito ser ouvido por quem quer alguma coisa mais interessante e densa.

Jizue – ROOM

Não tem como não ficar encantado com a beleza e a complexidade dos sons do grupo japonês Jizue, inclusive como indicação em um dos Groundcast Indica. Mathrock com jazz e melodias bem melancólicas. Não tem nem como resistir a esse som.

Eishan Ensemble – Nim Dong

Um grupo australiano, que conheci fuçando lá nos lançamentos do maravilhoso selo Art as Catharsis. Música persa tocada com instrumentos típicos, mesclada com jazz que fará sua cabeça ir a locais nunca antes imaginados.

Yamantaka // Sonic Titan ‎– Dirt

Esse ano eu entrei em contato com muita coisa legal da nata do prog e do rock experimental japonês, muito graças a alguns selos, com o SKIN Graft. Conheci essa banda de nome comprido quando ouvia algumas músicas do Vampilia (outra excelente banda que vocês deveriam ouvir) e posso dizer, com toda a tranquilidade, que Dirt não faz feio e impressiona, mesmo com músicas mais acessíveis.

KEN mode – Loved

Os canadenses lançaram o sucessor de Success, de 2015 e não tem nada menos que algo que mescla o melhor do hardcore com muita coisa de math rock e metal. É um som com cara de jovem e muita coisa velha no meio.

Puce Mary – The Drought

Nestes últimos anos a quantidade de mulheres que tocam seus projetos sozinhas ou que fazem grandes atos solo aumentou significativamente e a dinamarquesa Frederikke Hoffmeier, mais conhecida como Puce Mary e com participações honrosas em projetos como Body Sculptures, Contour, Document One, Fejhed, Marching Church, Severe Photography e Timeless Reality, lançou um disco novo, sucessor de The Spiral. Estupendo, denso e muito marcante são adjetivos apropriados para este álbum.

Geometric Vision ‎– Fire! Fire! Fire!

Este ano foi marcado por um monte de grupos legais de post-punk e darkwave que resolveram fazer um som à moda antiga, mas sem ficar com aquela baboseira de saudosismo. E os italianos do Geometric Vision lançaram um discos mais gostosos desse gênero, misturando post-punk com new wave sem soar como um grande baile da saudade.

Whispering Sons ‎– Image

Post-punk e disco de estreia parecem uma constante para este ano e os belgas do Whispering Sons sabem como resgatar a atmosfera dos anos 1980 com muito bom gosto.

A Film In Color ‎– They March In Endless Circles

O disco de estreia dos americanos do A Film in Color é um doom metal com shoegaze melancólico, desesperador e tétrico. Muitas camadas de som, wall of sound e música ambiente.

Sleep ‎– The Sciences

Quinze anos depois do lançamento do maconhístico Dopesmoker, o Sleep volta em grande estilo com um disco ainda mais carregado daquele stoner cheio de THC que certamente deixou muita gente chapada durante a audição. E eles conseguiram lançá-lo pela Third Man Records, gravadora de ninguém menos que o Jack White.

 

Air Formation ‎– Near Miss

Já dá para considerar o ano de 2018 também como o ano da volta do shoegaze. Conseguiu trazer de volta o Air Formation e eles ainda lançam um excelente álbum.

ACTORS ‎– It Will Come To You

Embora o grupo canadense exista desde 2012, este é o primeiro trabalho full-lenght, lançado pela Artoffact Records. É um outro grupo bacana de post-punk, mas dessa vez calcado num som mais moderno e mais eletrônico.

 

Dog Fashion Disco ‎– Anarchists Of Good Taste

Ou você curte Dog Fashion Disco ou você está errado. Para quem sente falta daquelas maluquices do Mr Bungle e não quer mais ouvir o Polkadot Cadaver (banda formada pelos ex-membros do DFD), o grupo voltou em 2014 e este ano lançou dois discos maravilhosos, que eu destaco este, que tem de jazz a heavy metal.

Ævangelist – Matricide in the Temple of the Omega

Pense no Deathspell Omega junto com as bizarrices do Blut aus Nord. Agora deixe tudo isso ainda mais bizarro, mais sombrio, mais poderoso, com guitarras completamente dissonantes, uso de escalas estranhas e uma musicalidade tétrica e desesperadora. Matricide in the Temple of the Omega é o melhor disco de black metal deste ano e de muitos anos anteriores.

GAEREA ‎– Unsettling Whispers

Portugal não tem só Moonspell de banda de metal boa. Conheci o Gaerea lá no Cvlt Nation e falo para vocês que não tem nada melhor que escutar um excelente black metal, bem executado e bastante inovador.

Mico deste ano: Dimmu Borgir ‎– Eonian

Assim, fazendo uma pesquisa rápida em portais de metal aqui do Brasil dá pra notar que geral tem medo de dizer que esse disco é uma grande merda. Sim, com todas as palavras, depois de oito anos a banda lança um trabalho extremamente preguiçoso, repetitivo, maçante, com canções que ficam muito parecidas por conta de riffs mal elaborados, que são tocados quase da mesma forma.

Não tenho problemas em bandas que mudam de estilo, poderia até mesmo rolar de, de repente, eles resolverem fazer música pop no lugar de metal. Mas existe um abismo de dimensões monumentais entre fazer um disco acessível ruim e fazer um disco acessível de boa qualidade. Steven Wilson conseguiu fazer um excelente disco de pop e poderia elencar uma caralhada de bandas que são acessíveis para quem não escuta metal e que soam mil vezes melhor que esse disco mequetrefe.

Confira abaixo a playlist especial dos meus melhores discos do ano.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.