[Resenha] Gosotsa – O Sol tá Maior III (2018)

2 min


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1. Caminhão de Salto Alto

2. Que Babe

3. Fungus Mudus H. Meio Vazio

5. O Sol Tá Maior

6. Tocar de Luas

7. Peito Aberto, Absorto

Art Rock, Independente.

Eu tenho uma dificuldade em fazer resenhas quando os discos saem ou antes deles saírem porque eu gosto de ouvir e pensar bastante sobre eles. E no caso do povo do Gosotsa, com seu O Sol tá Maior III, tenho a impressão de que tenho uma missão das mais ingratas, que é explicar um trabalho com um monte de referências e que não soa como nada para lhes dar uma referência mais próxima.

Talvez seja possível dizer que é um cruzamento de uma suruba entre Angizia, Dog Fashion Disco, Polkadot Cadaver, Stolen Babies e David Bowie tocando hard rock mesclado com punk cabaret em escala atonal e canto falado. Ainda sim, não soa como nada disso, tendo muita personalidade e atitude. Creio que essa falta de referencial faça com que muita gente escute e não compreenda qual é a proposta da banda.

E a proposta é essa: ser original sem soar complexa. Apresentar arte de bom gosto, vanguardista, sem exigir do seu ouvinte um conhecimento acadêmico e, ao mesmo tempo, desafiando-o a sair do lugar comum, o que é uma lição para todas as nossas bandas. Caminhão de Salto Alto tem um ritmo de hard rock oitentista, com riffs de guitarra bem tradicionais, que enganam o ouvinte desatento, pois a música no meio muda o seu andamento e apresenta um baixo completamente cadenciado num ritmo hipnótico e jazzístico, seguida de piano. Que Babe apresenta Drannath cantando fora do ritmo da música com guitarras do mais puro heavy hard e com o baixo cada vez intenso, construindo uma melodia completamente desarranjada e usando parte da distorção como integrante da melodia. A melodia introspectiva de Fungus Mudus H. Meio Vazio enfatiza o piano e a bateria, quase como um tributo ao chamber pop, com a voz servindo como guia para música, interrompida para uma exclamação no meio da música.

A musicalidade muda completamente em O Sol Tá Maior, que tem uma levada mais metal, com riffs que lembram vagamente post-metal e tem muitos momentos de música altamente técnica, mostrando uma tendência quase pro math rock. Tocar de Luas é uma música de sonoridade decadente, suja, ríspida, com aquela marca de música de cabaré e que fica muito interessante se ouvida com fones de ouvido. Encerrando com Peito Aberto, Absorto, uma música densa, que serve de complemento para a faixa anterior e tem um trecho de canto falado em um ritmo separado do resto do instrumental, criando uma dissonância muito interessante.

No saldo geral, este é um daqueles trabalhos que exige um bocado de calma para compreender. Não é um disco fácil de absorver, mas também não é inacessível. Talvez a única coisa que possa afastar alguns ouvintes seja que não existe nenhum tipo de referencial para compreender este trabalho.

Gosotsa – O Sol tá Maior III
  • Nota Geral - 9/10
    9/10

Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.