REVIEW: A Forest of Stars – The Corpse of Rebirth

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A Forest of Stars é uma curiosa banda de Psychedelic Black Metal do Reino Unido. Uma banda que mistura partes de black metal com violinos, pianos e flautas, criando uma atmosfera realmente interessante em suas músicas, bem diferente de tudo que eu já tinha ouvido (quando conheci a banda na época). Seu CD de estreia “The Corpse of Rebirth” me chamou bastante a atenção, com suas músicas longas, mas de boa apreciação.

 

01 – God

Já na primeira faixa vocês já vão ver o que a banda quer mostrar e a qualidade empregada nas composições, que em certos momentos são desesperadoras, tristes, bonitas. Após uma pequena introdução de um pouco mais de um minuto, os violinos entram em cena, já dando a temática para a música que te envolve por completo, criando uma atmosfera própria para cada ouvinte.

Apenas mais adiante que entram outros instrumentos para seguir o que já estava sendo feito, criando uma incrível harmonia, com contraste e brilho. O sentimento da música vai crescendo conforme ela vai tocando, conforme os instrumentos vão entrando e se encaixando na melodia. A percussão suave que é adicionada até realmente entrar a bateria, o violino tocado de forma que encante e ao mesmo tempo assusta o ouvinte.

É impressionante você ver a música tomando forma e crescendo e te envolvendo nessa atmosfera intensa que a banda cria com simples notas, com uma melodia simples. Até o momento se passaram quase 7 minutos e ainda não entrou o vocal. Tudo fica calmo, mais silencioso e a voz entra, desesperadora, cativante, como se suplicasse por algo. Depois ela fica mais agonizante quando os outros instrumentos voltam para a música, como se pedisse por algo.

A música toma uma outra forma com a entrada do vocal, mostrando essa banda para alguns amigos e eles me assumiram que sentiram calafrios quando ouviram certas partes dessa música. Após algumas partes cantadas a música ganha um riff mais “metal”, isso com uns 10 minutos de músicas passados já. Mas nada muito complexo e extravagante, apenas seguindo o que a música já mostrava e lhe mantendo com o mesmo sentimento que tinha quando a música começou.

A música segue até retornarem os vocais, dessa vez menos agonizantes, mas ainda assim perturbadores para alguns. A qualidade da música se mantém a mesma até o momento, sem pontos extremamente altos ou baixos, ela não nem uma parte melhor do que outra. É como se tivesse sido feita para ser ouvida como um todo e ouvi-la por pedaços estragaria toda mágica que a banda criou.

Vocês podem ter sua parte preferida da música, mas ela foi realmente feita para se escutar do começo ao fim. A música já está acabando e acredito que ninguém reparou que ela tem dezesseis minutos e meio de duração, com certeza vocês a ouvirão de novo para perceber tudo o que a música lhe traz.

A música termina com vocal, instrumental é apenas um plano de fundo.

 

02 – Female

A introdução dessa música é bem simples e melancólica, mantendo-o na atmosfera da música anterior, mas é um pouco mais “down”. Mesmo tendo pitadas de black metal, essa é uma das músicas que tem uma queda no Doom Metal. Parece uma súplica, ainda mais na hora que os vocais aparecem, desesperados e agoniando.

O violino guiando a música e tornando-a mais bela e sedutora até seus 4 minutos, onde a parte black metal aparece, não um black metal detalhado e tocado no extremo da técnica, mas algo mais “Raw”, tosco o que causa um contraste interessante com o violino que está sendo tocado junto.

Voltamos para o vocal, dessa vez estão suplicando por algo, é outra coisa, é um sentimento difícil de descrever. Certeza que cada ouvinte vai ter uma visão diferente das músicas, sentir uma energia diferente.

Aos 6 minutos tudo se acalma, ficando algo bem de fundo mesmo, dependendo do volume que você estiver escutando, nem vai perceber que tem música ao fundo. Escute com atenção e viaje nesse momento, liberte todos os pensamentos e veja o que pode sentir nessa simples melodia, mas não se assuste, pois do nada os vocais voltam e o volume volta a ficar alto.

Por mais estranha que pareçam as partes das músicas, elas se encaixam e formam melodias com começo meio e fim. Agora ela já deve ter voltado a ter cara de música de metal, o que antes nem parecia tanto, assim como a primeira faixa, essa é a parte metal da música.

Por volta dos 10 minutos os vocais voltam, mais agressivos e violentos do que os ouvidos no restante da música, passando algo com mais raiva, uma emoção forte de raiva. As letras das músicas é tão “incomum” quanto a melodia e os vocais.

 

03 – Male

A terceira faixa do CD começa com bateria, bem suave e com uma pequena “Intro” entra o vocal feminino. Não espere nada lírico como a maioria deve estar acostumada ouvindo bandas com vocal feminino. É apenas algo que combina com a música e provavelmente a vocalista não está usando toda técnica que sabe.

Após os vocais femininos entra uma parte com efeito no vocal e nos instrumentos, uma pequena distorção deixando a voz, digamos, mais “robótica” ou “sobrenatural”, não sei definir como ela se parece.

Depois a música volta para como estava no começo, com o vocal feminino e instrumental simplíssimo, mas cativante para quem escuta. Vai mantendo isso até voltarem as vozes com efeito que nem antes, funciona como uma repetição do que já foi escutado.

Depois a música fica mais metal e o vocal já não tem mais o efeito de antes, grunhido, agressivo que nem o final da outra música, instrumental mais encorpado e forte. Tudo puxa a atenção para si, fazendo com que você preste atenção em tudo. Depois a música fica calma, com alguns grunhidos de fundo que depois desaparecem.

Algo mais acústico aparece depois, notas ecoando de fundo, parecendo que são feitas por fazer pela sua simplicidade de harmonia, para que depois entrem os instrumentos depois com algo mais pesado e após uma virada o violino predominar, com suas notas suaves e tristes e intercalando com vocais de fundo, como ritos. Os vocais saem e o violino retorna, um não atropela o outro e parece que não podem existir no mesmo local (vendo que um só aparece quando outro saí de cena). É realmente difícil descrever tudo que a música passa.

Aos dez minutos e vinte segundos entra um vocal menos grunhido, mais falado um pouco, apenas algumas partes a voz é rasgada. A bateria mais encorpada de fundo dando corpo para o instrumental mais pesado da música.

 

04 – Earth and Matter

A música começa com o som de pratos, talheres, alguém bebendo algo. Uma refeição mesmo e não me perguntem o que a banda quis dizer com isso, pois a letra dessa música é censurada, após essa pequena viajada e um mini “solo” de bateria a música entra com algo mais black metal logo de cara. Com os vocais e com o instrumental, lembrando que o black metal da A Forest of Stars não é que nem o que estamos acostumados a ouvir, percebemos influências que são distorcidas pela mente dos compositores.

Uma risada e a música continua até entrar a percussão, não bateria em si, mas algo mais como tambores e instrumentos similares seguidos ao som da guitarra com riffs mais toscos. A percussão continua, tomando conta da melodia e fazendo os outros instrumentos serem mais secundários até o momento que só ela aparece e você consegui distinguir tudo que é utilizado e para depois voltar com o que estava sendo feito antes. Essas passagens da banda são incríveis, fico simplesmente sem palavras para representar como algo tão simples consegue chamar tanta atenção.

Essa melodia preencha a música por bastante tempo até o retorno da bateria que depois se esvai dando lugar para guitarra e um sino ao fundo, até que tudo fica calmo e apenas o sino é escutado e em seguida, silêncio.

E quando você acha que a música acabou, ela retorna, bela, ressuscitada, prazerosa, nem parece a mesma música que você estava escutando a pouco tempo.

 

05 – Microcosm

Microcosm parece uma continuação da música anterior, mas uma continuação direta, já pela sua introdução isso já pode ser percebido, algo mais clássico toma conta da introdução dessa música. É exatamente isso que essa música vai trazer, para fechar o CD com uma música gloriosa.

Vocais femininos adicionados mais para frente, mas mantendo a mesma energia que a música começou. Agora bem mais lenta, mas mesmo assim agradável.

Quando os vocais acabam e vem algo mais calmo ainda com flauta te mantendo preso nessa melodia caótica que A Forest of Stars tem criado até agora. É tudo “novo” e será “novo” para alguns, assim como foi para mim a primeira vez que escutei a banda e me apaixonei, pois fugia de tudo que estava escutando no momento.

Chegamos na metade da música com esse clima e essa sonoridade ímpar que a banda nos trouxe nessas 5 faixas desse encantador CD. Perto dos 6 minutos o vocal masculino entra e o instrumental muda um pouco, mas ainda mantendo o que já vinha sendo feito. A música continua assim, com esse ritmo, até o final, mantendo a qualidade.

Acredito que nem você percebeu que acabou de ouvir um CD com um pouco mais de uma hora.

 

Considerações Finais

A Forest of Stars é uma banda de difícil interpretação, você terá que ouvir muitas vezes e mesmo assim, toda vez que escutar vai parecer que tem algo a mais para ouvir e apreciar.

Muitos podem achar a banda ruim e eu diria que é normal, afinal, o som é muito não convencional e foi exatamente por isso que eu adorei, era diferente de tudo o que eu estava ouvindo na época e com certeza para mim esse CD vai ser um dos melhores que eu já tive o prazer de ouvir. A obra é muito densa e realmente captar tudo é bem complexo.

Caso gostem, escutem muitas vezes, pois sempre parece que tem algo novo a ser percebido e sentido. É uma boa para quem está um pouco cansado do Heavy Metal que é feito desde sempre e A Forest of Stars mostra como pode ser diferente e ainda assim ser metal.


Ilustrador, designer, vocalista, artista plástico e pentelho ans horas vagas. Fã de heavy metal e outras coisinhas mais.