[Resenha] Psy’Aviah – Lightflare (2018)

4 min


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CD 1 “Lightflare

01. Lost At Sea (ft. Mari Kattman)
02. Aftermath (ft. Ellia Bisker)
03. The Great Disconnect (ft. Marieke Lightband)
04. Sound of New (ft. Addie Nicole)
05. In The Sound (ft. MiXE1)
06. For Myself (ft. Lofthill)
07. Heavy Heart (ft. Mari Kattman)
08. Reboot Reset Relay (ft. Fallon Nieves)
09. Ghost (ft. David Chamberlin)
10. Lonely Soul (ft. Phoebe Stone)
11. Plan B (ft. Kyoko Baertsoen)
12. Game Changer (ft. MiXE1)
13. Under The Rain (vs. KONER)
14. Mr. Vanity (ft. Fallon Nieves)

CD 2 “Reboot Remix Replay”

01. Earth, Wind, Fire, Air and Sky (Om Namaha Shivaya)
02. Lost At Sea (ft. Mari Kattman) (Rool remix)
03. Plan B (ft. Kyoko Baertsoen) (SD-Krtr remix)
04. Aftermath (ft. Ellia Bisker) (People Theatre remix)
05. Sound Of New (ft. Addie Nicole) (Alter Future remix)
06. The Rhythm Will Guide You (Chandaas Talaah)
07. Lost At Sea (ft. Mari Kattman) (Assemblage 23 remix)
08. Aftermath (ft. Ellia Bisker) (Chaos All Stars remix)
09. Sound Of New (ft. Addie Nicole) (SD-Krtr remix)
10. Reboot Reset Relay (ft. Fallon Nieves) (Cyborgdrive remix)
11. Lonely Soul (ft. Phoebe Stone) (Isserley remix)
12. Truth Is My Identity (Sat Nam)
13. Lost At Sea (ft. Mari Kattman) (Jean-Marc Lederman remix)
14. Sound Of New (ft. Addie Nicole) (Alter Future remix dub)
15. Searching Anagata (Om)

Synthpop/Electro, Alfa Matrix

Recebi esses dias um e-mail muito educado e muito solícito do senhor Yves Schelpe, idealizador do projeto Psy’Aviah. Conheço o projeto faz um bom tempo e tenho que confessar que nunca fui um grande fã, muito embora eu admire muito músicas anteriores como Ok e Virtual Gods. Com o seu mais recente lançamento, Lightflare, que vem também numa edição dupla bem interessante, fiquei muito impressionado com a extrema qualidade e bom gosto com que essas 14 faixas foram concebidas.

Musicalmente é um synthpop recheado de influências de dance, electro, darkwave e pop. Contando com muitos convidados e convidadas, este é um dos seus trabalhos mais bonitos, ressaltando aspectos mais positivos e menos sombrios que a música eletrônica pode propiciar. Ele se inicia com Lost At Sea, que conta com a participação da vocalista Mari Kattman (Day Twelve, Mari & The Ghost e também carreira solo), sendo uma excelente música de início, com uma pegada bem ao estilo Portishead, com uma combinação muito interessante das batidas, numa canção cuja letra ressalta como é estar perdido em seus sentimentos enquanto a pessoa tenta encontrar o seu caminho. Aftermath, cantada por Ellia Bisker (Charming Disaster, Sweet Soubrette e Funkrust Brass Band) é um pop bastante melancólico, com uma voz muito bonita e teclados ao longo da música, que se contrapõe às batidas. As letras ressaltam a impossibilidade de se prever o que vai acontecer e como nunca estamos preparados para isto.

Focada no baixo, The Great Disconnect traz a voz de Marieke Lightband, numa sequência de batidas quebradas, numa canção que questiona os próprios relacionamentos, que ficam cada vez mais conectados e menos próximos, com o desejo de uma grande desconexão, que pode também representar a morte ou o começo de uma nova existência. Sound Of New é uma música puxada para o electropop, que conta com guitarras feitas pelo Jürgen Brischar do Junksista e o vocal de Addie Nicole. A música é bem grudenta, dançante, no melhor estilo pop, com as letras falando em como a música ajuda com a descoberta de si mesmo perante o mundo e como ser mais confiante em si mesmo, para que a nova melodia surja da ultrapassagem dessas dificuldades. In The Sound conta com a colaboração de Michael Evans (MiXE1) tanto no vocal quanto nas letras e é uma música na pegada do Depeche Mode, mas acrescentando dance music e electro. Com vocais em estilo rap em várias partes, é um trabalho bem diferente, poderoso, com uma melodia eletrônica que flerta com o hip hop em muitos momentos, mostrando como alguém se recupera por meio da convergência entre a melodia e a letra, as palavras são capazes de mudar o mundo interior.

For Myself é pop da melhor qualidade, com muitos toques de rock / new metal, apresentando os vocais masculinos de Andrew Galucki (conhecido também como Lofthill), possui muitas boas viradas e uso de efeitos ao longo da música que a tornam um club hit fácil, apresentando uma letra triste e desesperançada sobre como é ter de fazer as coisas por si mesmo, sem poder contar com os outros nos momentos mais difíceis e o aprendizado que se tira disto. Heavy Heart marca o retorno da Mari Kattman, dessa vez numa roupagem mais electro, com vozes ainda mais bem trabalhadas, lembrando levemente o In Strict Confidence, para falar sobre como é sobreviver depois que se perde tudo, família, amigos, sem tem ninguém para amar, mas que ainda sim é uma sorte continuar vivo, mas não com tristeza, apesar de saber o quanto tudo isso torna as emoções ainda mais pesadas. Com uma pegada mais electro / EBM somos apresentados a super dançante Reboot Reset Relay, com a voz gélida e sombria de Fallon Nieves (vocalista recorrente em trabalhos anteriores), que utiliza um pouco de vocoder para emular uma voz robótica em alguns momentos. A música enfatiza bastante as batidas e pouco as texturas, para nos mostrar como seria ideal ser que nem um robô que pode reprogramar, reiniciar e trocar seu coração, assim evitando todos os sofrimentos.

Suprimir os sentimentos pelo uso da medicação, para evitar o sofrimento, é a tônica de Ghost, cantada por David Chamberlin (Entrzelle). É uma música de EBM, que em muitos momentos lembram o The Klinik e o Leæther Strip. É desesperadora, quase como um grito de desespero em busca de seus sentimentos, que foram tomados pelos remédios. Phoebe Stone encanta com Lonely Soul, música com muito do trip hop já característico do grupo, com um toque meio jazzy, mais ou menos no estilo do Massive Attack, numa música sobre como somos pequenos e o quanto temos medo do outro, o medo da multidão e o quanto isso nos diminui, nos torna cada vez mais isolados. Kyoko Baertsoen, conhecida por seus trabalhos no Hooverphonic e também no Lunascape, brilha em Plan B, canção que mescla de forma bem gostosa synthpop com trip hop, descrevendo sobre o que fazer num mundo que é instável e cruel o tempo todo.

Outra colaboração com o Micheal Evans vem em Game Changer, que também conta com as guitarras de Ben Van De Cruys, é um electro-rock com elementos de hip-hop, com os mesmos vocais rap, mostrando que as coisas mudam e não adianta ser sempre aquele que acusa, aquele que sempre dá a última palavra, pois uma hora isso pode se voltar contra você mesmo. Under The Rain é a colaboração com Els Mortelmans (Aire, Atlantis 6 e Virgo), trazendo Koner nas vozes, fazendo uma música eletrônica com muitos elementos de rock, lembrando um bocado o Ego Likeness. É uma música sobre esperança, sobre como encontrar uma luz no fim do túnel e sair do lado mais sombrio de sua existência. Mr Vanity volta ao electro / EBM, com as vozes de Fallon Nieves novamente, numa música que lembra um bocado os trabalhos da Ayria e apresenta a descoberta de como é ilusório acreditar em heróis e salvadores, como esse tipo de pensamento nos torna vaidosos e desconectados do mundo.

O segundo disco apresenta as mesmas músicas, em versões remixadas muito interessantes, as quais destacam-se Earth, Wind, Fire, Air And Sky, que lembra um pouco os primeiros trabalhos do Enigma, Sound Of New (After Future Remix), que ganha mais força e fica ainda mais dançante, Lost At Sea (Assemblage 23 Remix), ficando ainda mais bonita e um pouco mais melancólica e Searching Anagata (Om), que é uma faixa ambiente, bastante sombria, acompanhada de um mantra de ligação com o universo.

No cômputo geral, é um disco excelente em muitos sentidos. Excelente produção, boa escolha de participações e um caminho de auto-descoberta e aprendizagem com relação às próprias dores e o mundo. Esse é um disco bom, conciso e muito bem amarrado.

Links Relacionados

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Psy’Aviah – Lightflare
  • Nota Geral - 9/10
    9/10

Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.