Hoje é o Dia Mundial do Rock, mas que estranhamente só se comemora no Brasil. Então, para animar esse dia de vocês, estamos colocando dez bandas brasileiras que trazem o melhor dentro do que o rótulo rock consegue agrupar.
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1 Picanha De Chernobill
Eu conheci essa banda quando procurava por rock psicodélico brasileiro e ela me surpreendeu muito positivamente. Primeiro por ter uma sonoridade que respira e exala música brasileira.
Além disso, são um conjunto politicamente posicionado, como é possível observar na música São Muitos Que Se Vão, mostrando uma letra de protesto sobre aqueles que são invisibilizados e marginalizados.
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2 Anjo Gabriel
O meu primeiro contato com essa banda foi quando, num belo dia, vi o vinil do Culto Secreto do Anjo Gabriel numa loja e achei a capa tão bonita que tive de ir procurar em algum lugar para ouvir.
Rock progressivo psicodélico da mais alta qualidade, com uma sonoridade que é bem a cara dos anos 1970, mas ainda sim com muito espaço para o novo. É uma misturada só e vale muito a pena.
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3 Kovtun
O Raphael Mandra, que eu conheci por conta de seu outro projeto, o Rádio Morto, tem em Kovtun o seu trabalho mais refinado. Inicialmente se trata de um projeto de música experimental, mas com elementos de metal muito presentes, sobretudo de post-metal, sludge e drone doom.
Este que vos escreve já participou em uma das músicas do seu disco Androginóforo (e, reconhecidamente, a primeira música oficial do Genocídio Póstumo). Deem uma ouvida na discografia, sobretudo com a participação do Umbilichaos.
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4 Gangue Morcego
Conheci a Gangue Morcego quando pesquisava algumas bandas góticas novas e fiquei muito impressionado com a extrema qualidade. Primeira, é um grupo de post-punk alinhado com uma sonoridade mais punk. Segunda, não busca referências no Sisters of Mercy e sim numa identidade própria.
Se for para traçar uma comparação (ainda que bem injusta), a Gangue Morcego se encaixaria nas bandas que buscam um revival do post-punk e, nesse caso, daquela leva de bandas brasileiras dos anos 1980 e também se parece bastante com muitos dos projetos portugueses que eu gosto muito, como o Morte Psíquica, ainda mais com as letras em português.
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5 Kosmovoid
Um dos meus gêneros favoritos é o Krautrock e, não por acaso, ver bandas resgatando essa sonoridade é sempre muito bom. Cá na América Latina temos o Föllakzoid, presente no catálogo da Sacred Bones, selo que também tem em seu catálogo a Pharmakon, o Soft Moon e o Uniform. E no Brasil temos um excelente representante, o Kosmovoid.
Kosmovoid traz muito do krautrock e vai às origens com o rock psicodélico, acid rock e se influencia em nomes de peso como Amon Düul, Ash Ra Tempel e Can. Conta com a produção sensacional de Muriel Curi, baterista do Labirinto.
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6 Surra
Hardcore e thrash metal possuem bases e origens muito próximas, ainda que hoje os grandes nomes do gênero tenham, em parte, abandonado a rebeldia e a força de gritar contra as injustiças e os problemas sociais. Ainda bem que o pessoal do Surra existe para nos lembrar que estamos em tempos que exigem consciência e posicionamento.
Velocidade, força e uma musicalidade extremamente pesada fazem o conjunto no Surra soar com a agressividade que todo o capitalismo nos ataca para manter a roda girar. Escutem no talo.
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7 Vociferatus
Vociferatus é uma banda que inicialmente era focada no death metal com influências de black metal, numa linha bem no estilo Behemoth e Thy Ar tis Murder. Hoje, depois de algumas mudanças de formação e um bom tempo desde Mortenkult, de 2016, o grupo carioca investe agora num post-metal com o peso e a velocidade do black metal.
Recomendo começar pelo single mais recente, To Paint Hollow the Skies, que esbanja brutalidade e atitude. Como todo bom metal deveria ser.
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8 Umbilichaos
Anna C. Chaos comanda esse projeto sozinha, trazendo toda a crueza e brutalidade do sludge e do post-metal, com diversas experimentações, na linha do Neurosis. Então se prepare para músicas longas, monolíticas, extremamente pesadas e densas.
Num mundo que faz sempre questão de tirar a vida e as oportunidades das pessoas transgênero, Anna, com toda a sua agressividade, apresenta para nós algo belo, destruidor e monolítico.
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9 Lia Kapp
Lia Kapp faz um trabalho excelente com sua banda. A mescla aqui não poderia ser melhor ao gosto deste editor: muito post-metal, sludge, doom e toda aquela maravilha experimental que dá vontade de escutar mais.
Lembra um bocado o estilão da Kristin Hayter do Língua Ignota, mas com muita melodia, introspecção e violência. Sem dúvidas um dos trabalhos nacionais que precisa ser mais escutado.
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10 O Jardim das Horas
O Jardim das Horas traz para a gente um rock alternativo dos mais bonitos, incorporando influências que vão desde o rock brasileiro dos anos 1980 à psicodelia e o post-punk, passando também pelo surf e o hard rock.
A banda tem muita personalidade e seu som é muito único para ser ignorado. Com certeza uma excelente banda para você conhecer, curtir e ouvir à tarde toda.