A minha famigerada lista de fim de ano (2024)

Minha listinha de fim de ano traz muita coisa lega para vocês. 1 min


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Eu gosto muito de fazer listas de fim de ano. Para mim é uma excelente oportunidade de reouvir todos os discos bacanas que passaram por mim e também, quem sabe, indicar para vocês.

A minha lista não é separada por estilos e nem segue uma ordem de qual é o meu mais preferido do meu menos preferido: gosto bastante de todos e acho que cada um deles tem um lugarzinho no meu coração, que este ano passou por mais baixos do que altos.

E você, tem uma listinha de melhores do ano? Comente conosco.

Juvi - Cultura do Ódio

A Juvi lançou dois discos esse ano, “Músicas pra Ex, Vol. 2:99% Boladona, 1% Xonadona” e este, “Cultura do Ódio”. Muito embora eu tenha gostado muito do Músicas para Ex, para mim é em Cultura do Ódio que ela resgata aquilo que eu mais amo no seu trabalho antigo, o Sasha Grey as Wife. Tem a dose certa de humor sarcástico e não é auto-indulgente.


Zetra - Zetra

Para mim, o Zetra é uma banda ousada e muito inovadora. Em seu disco de estreia eles misturam synthpop, gothic rock, shoegaze e black metal para criar uma sonoridade única e atmosférica. Também conta com participação de Serena Cherry, do Svalbard e das islandeses do Kælan Mikla.

Zeal & Ardor - GREIF

Zeal & Ardor impressiona mais uma vez com GREIF, onde Manuel Gagneux funde a essência da música negra ao universo sombrio do black metal. Neste quarto álbum, lançado em 23 de agosto de 2024, a banda suíça amplia as fronteiras do metal avant-garde ao incorporar influências de funk, rock alternativo e blues, reforçando sua identidade única no cenário musical.


Thou - Umbilical

Thou lançou um dos discos mais bacanas de sludge e eu ouvi até não conseguir mais. Em Umbilical, seu sexto álbum de estúdio lançado em 31 de maio de 2024, a banda entrega uma obra-prima que combina riffs pesados, vocais guturais e uma intensidade avassaladora. É uma musicalidade pesada, ríspida, abrasiva, que corta os ouvidos e traz uma atmosfera de completo desespero.

Show me the Body - Corpus II

Show Me the Body traz toda sua energia punk e experimentalismo em Corpus II, combinando post-hardcore com colaborações de peso como Zulu, B L A C K I E, High Vis e King Yosef. Lançado em duas partes ao longo de 2024, o projeto destaca a habilidade da banda em unir hardcore abrasivo e inovação sonora, ampliando os limites do punk e do hardcore.

Bleached Cross / The True Faith – Columns Of Impenetrable Light

Eu não sou um grande fã de listar splits aqui nessa lista, mas este ano abro uma exceção para “Columns of Impenetrable Light”, colaboração entre Bleached Cross e The True Faith. Lançado em agosto de 2024, o álbum apresenta oito faixas que exploram temas profundos como vida e morte, esperança e desespero, através de uma sonoridade que mescla post-punk e darkwave. Apesar de gostar do The True Faith, é o Bleached Cross quem brilha, com sua musicalidade melancólica, densa e extremamente bonita.

BIG|BRAVE - A Chaos of Flowers

BIG|BRAVE é uma daquelas bandas que impressionam, mas ainda não recebem o reconhecimento merecido. Denso, pesado e melancólico, “A Chaos of Flowers” traz uma abordagem renovadora para o metal, se destacando por seu minimalismo, com peso, emoção e um doom/experimental muito bem-vindo. Talvez o disco mais acessível da banda, mas também um dos mais bonitos.

Chat Pile - Cool World

Chat Pile é uma banda que me impressiona desde “God's Country” e apresenta em “Cool World” não apenas um sludge metal bastante consistente, mas uma variedade enorme nas composições. Falando sobre a violência e a decadência social, Cool World soa como uma ironia muito pesada em suas composições. Além disso, há elementos de noise rock, new wave, rock alternativo, com uma sonoridade agressiva, pesada e melancólica.

Air Formation - Air Formation

Eu acho que até 2026 seremos inundados por muito shoegaze de qualidade e não é diferente com o autointitulado disco do Air Formation. Em seu sexto disco, temos um shoegaze classicão, mas com muita coisa nova e característica da banda. Talvez não seja o melhor disco de shoegaze da sua vida, mas com certeza é um discão.

RhythmSect – This Is Dark Funk
Eu gosto de música estranha e acho que vocês que ainda nos acompanham também. “This Is Dark Funk”, lançado em 7 de junho de 2024, é o primeiro trabalho da dupla polonesa RhythmSect, formado por Grzegorz na bateria e Patyr no baixo. Eu gosto muito dessa fusão entre o funk sombrio com elementos de jazz experimental e black metal, resultando em uma sonoridade inovadora e envolvente. Talvez o maior choque seja perceber que são músicas de alto grau de complexidade e, ao mesmo tempo, muito fáceis de serem ouvidas.

High Parasite - Forever We Burn

Aaron Stainthorpe, vocalista da icônica banda de doom metal My Dying Bride, embarca em uma nova jornada musical com o projeto High Parasite. “Forever We Burn”explora o gothic rock mais pesado, trazendo influências de nomes consagrados como Sisters of Mercy e Fields of the Nephilim. Produzido por Gregor Mackintosh, do Paradise Lost, combina elementos de metal, rock gótico e synth-pop. Para mim é uma adição importante a famigerada música gótica, com um frescor e criatividade que me chamaram muito a atenção.

Departure Chandelier - Satan Soldier of Fortune

Dominick Fernow é um conhecido artista da cena industrial, responsável por projetos como Prurient, Rainforest Spiritual Enslavement e Vatican Shadow, além de ter sua própria gravadora, a Hospital Productions.  Departure Chandelier é um projeto que ele mantém desde 2011 e “Satan Soldier of Fortune” nos apresenta um black metal com fortes influências da segunda onda, com um som ríspido, pesado, com aquela energia de DIY. O álbum apresenta uma sonoridade crua e melódica, com influências de bandas como Celtic Frost e Darkthrone, incorporando também elementos de black metal finlandês dos anos 1990.

Dool - The Shape Of Fluidity

Dool é um grupo que eu considero muito difícil de definir, pois, apesar de alguns músicos virem do The Devil's Blood, seu som vai do rock psicodélico ao gothic rock. Em “The Shape of Fluidity” a banda holandesa apresenta uma fusão de rock progressivo, metal e post-rock, incorporando elementos de doom e heavy metal em um ambiente tenso e dinâmico, abordando temas como as mudanças físicas, mentais e psicológicas e toda dor que vem desse processo.

Mannequin Pussy - I Got Heaven

Eu tenho gostado muito dessa leva de bandas punks femininas e feministas como Lambrini Girls e Bratakus porque trazem sempre à tona problemas estruturais para com mulheres que a gente ainda não aconseguiu resolver. “I Got Heaven” vai do punk mais sujo e direto a quase um indie rock introspectivo trazendo força, potência e tudo isso com uma mensagem ácida e altamente politizada.

toe - NOW I SEE THE LIGHT

Normalmente, eu não diria que um disco de math rock pode levar alguém às lágrimas, mas “NOW I SEE THE LIGHT”, dos japoneses do toe, é uma obra-prima de tão lindo. Este é o quarto álbum de estúdio da banda, marcando seu retorno após nove anos desde “Hear You” (2015) e quatro anos depois o EP “Our Latest Number” (2018). "LONELINESS WILL SHINE" e "サニーボーイ・ラプソディ" apresentam vocais, algo raro tanto no gênero quanto nas músicas anteriores do grupo e é impossível não se emocionar. Intenso, complexo e emocional, esses são os adjetivos para classificar este disco.

Iress – Sleep Now, In Reverse

Se tem algo que este ano de 2024 me mostrou, foram discos para ouvir chorando muito, e essa onda do chamado doomgaze nos brinda com “Sleep Now, In Reverse”, lançamento da banda Iress. Terceiro álbum de estúdio do quarteto de Los Angeles, combina elementos de doom metal e shoegaze numa sonoridade carregada, melancólica e muito bonita, com a voz poderosa de Michelle Malley, também chamada de Amy Winehouse do doom metal. Se você não se emocionar com esse disco, você ouviu errado.

Violent Magic Orchestra – Death Rave

Consegue imaginar uma mistura louca entre black metal, techno, gabber e dark electro? Somente no Japão isso é possível com a Violent Magic Orchestra (VMO), cujo nome possivelmente é uma paródia do Yellow Magic Orchestra. O projeto reúne Pete Swanson, ex-Yellow Swans, Kezzardrix, beatmaker do Vampillia e Paul Régimbeau do Extreme Precautions. Em “Death Rave” temos uma fusão intensa de gêneros, criando um som que desafia categorizações tradicionais e conta com as colaborações de artistas como Attila Csihar (Mayhem), Dylan Walker (Full of Hell), Gabber Eleganza e Ican Harem (Gabber Modus Operandi). Vale pela estranheza, vale por ser um disco incrível.

Blood Incantation – Absolute Elsewhere

Não dá pra não comentar sobre “Absolute Elsewhere”, o mais recente álbum do Blood Incantation. Talvez uma das obras de metal mais importantes deste ano, o disco combina death metal técnico com altas doses de experimentalismo, incluindo a participação de Thorsten Quaeschning, do Tangerine Dream, na faixa "The Stargate (Tablet II)". Este trabalho é composto por duas faixas extensas que, juntas, totalizam aproximadamente 45 minutos do mais puro metal experimental. Obra-prima.

Suldusk – Anthesis

Esse era um disco que eu aguardava ansiosamente desde “Lunar Falls” de 2019. Emily Highfield nos presenteia com um post-black metal bastante variado. O álbum combina elementos de neofolk, post-rock, blackgaze e doom metal, criando uma sonoridade única que transita da música folk a sons atmosféricos e pesados, além de uma dose generosa de heavy metal.

Moor Mother – The Great Bailout

Tenho notado pouca discussão em português sobre “The Great Bailout”, o mais recente álbum da Moor Mother. Neste trabalho a artista americana Camae Ayewa aborda de forma incisiva temas como colonialismo, opressão e outros sistemas de controle, com críticas ácidas e reflexivas. O álbum destaca-se por sua sonoridade experimental e pela colaboração com diversos artistas, incluindo Lonnie Holley, Raia Was, Alya Al-Sultani, Sovei, Kyle Kidd e o coletivo Sistazz of the Nitty Gritty. Músicas como "Guilty" e "All the Money" trazem toda a profundidade lírica e a complexidade sonora do álbum, explorando as injustiças históricas e contemporâneas perpetuadas por sistemas de poder.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.