Melhores do ano, por Fabio Melo

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Depois de publicar minha listinha separada de discos experimentais, agora vamos à nossa programação normal, dessa vez indicando o que saiu de bacana, na minha opinião, nesse ano de 2022. Prepare-se para ouvir um bocado de música legal e alguns projetos bastante inusitados.

L.S. Dunes – Past Lives

Esse é um daqueles discos que fazem jus a expressão “festa estranha com gente esquisita”. O L.S. Dunes é um supergrupo de post-hardcore e emo formado por Tim Payne do Thursday no baixo, Tucker Rule do Taking Back Sunday na bateria, Frank Iero do My Chemical Romance na guitarra, Travis Stever do Coheed and Cambria na outra guitarra e Anthony Green do Circa Survive com seu vocal único e inconfundível. Porrada, com direito a músicas políticas e também sobre a sociedade.

Greg Puciato – Mirrorcell

Greg Puciato é conhecido por suas participações nas bandas The Dillinger Escape Plan e The Black Queen. Em 2022, lançou o álbum "Mirrorcell", com uma mistura de grunge e rock alternativo dos bons. Destaco a música "Lowered", com a participação de Reba Meyers, do Code Orange, nos vocais.

Ken Mode – Null

Uma das minhas gratas surpresas foi o disco NULL do KEN Mode e ele traz tudo aquilo que eu quero e espero num bom disco de hardcore: músicas violentas, porradaria completa na orelha, com um sentimento de sair metendo voadora em meio mundo.

Sonhos Tomam Conta – Maladaptive Daydreaming

Sonhos tomam conta é um projeto de shoegaze de Lua Viana, que eu conheci por conta de um split com o Asian Glow lá da Coreia do Sul. Quando ouvi Sonhos tomam conta eu fiquei apaixonado pela musicalidade, que remete um bocado ao disco Ionia do Lycia. É uma música introspectiva, gélida, daquelas que te farão sentir-se vivo.

Sylvaine - Nova

Conheço a Katherine desde quando ela me mandou um e-mail na maior humildade para fazer uma resenha do primeiro disco e isso virou duas entrevistas. E em “Nova” ela conseguiu superar e muito o que tinha feito em “Atoms Aligned, Coming Undone”. Black metal, post-rock e shoegaze, pendendo bem mais para o black metal na maior parte das músicas.

Polyphia – Remember That You Will Die

Polyphia é uma baita banda de math rock e fusion. Mas uma daquelas que você se emociona de sentir como eles são bons. Remember That You Will Die é um disco que tem prog metal, math rock, rock alternativo, jazz, hip hop e uma cacetada de coisas. Nesse disco brilham as participações especiais de Nolan Santana, $NOT, Lil West e Chino Moreno do Deftones.

Faetooth – Remnants of the Vessel

Faetooth é uma banda de Doom metal com quatro mulheres lá de Los Angeles, na Califórnia. Sua sonoridade pode ser chamada de diferente, por conter muitos elementos etéreos, sombrios, mesclando com maestria em “Remnants of the Vessel” shoegaze, post-metal, sludge, hardcore e death metal. Lembra um bocado o Ragana, outra banda de doom feito por mulheres e isso já conta ainda mais pontos.

Blind Guardian – The God Machine

Há muito tempo que não presto atenção no Blind Guardian, principalmente porque muitos dos lançamentos após o “Nightfall in the Middle Earth” não me agradaram tanto. No entanto, fiquei surpreso ao ouvir “The God Machine” pela primeira vez, pois a banda conseguiu resgatar aquela sonoridade rápida, pesada e direta que eu sempre gostei, mas ainda assim mantendo-se atual. Acho que vale a pena dar uma chance ao “The God Machine”, mesmo que você, assim como eu, não gostou dos álbuns mais recentes do grupo.

Heriot – Profound Morality

Conheci o Heriot por influência da Serena Cherry do Svalbard, até por também serem uma banda de hardcore com vocalista feminina. É aquele hardcore denso, com influências de death metal, industrial e sludge. Para ouvir no volume máximo.

Sumerlands – Dreamkiller

Por mais que eu goste de música experimental, minha formação musical ainda está presa no heavy metal mais tradicional e no power metal. E fico feliz quando surgem trabalhos como o Summerlands, que resgatam esse tipo de sonoridade, com todos os clichês e exageros e faz isso de forma muito competente. Além disso, ouvindo com atenção dá para notar muitas nuances e coisas modernas também.

GGGOLDDD – This Shame Should Not Be Mine

Esse disco deveria ter aparecido na minha lista de discos experimentais, mas resolvi que ele merece aparecer aqui. Com a mistura perfeita de post-punk, post-rock e trip-hop e é também um protesto da vocalista Milena Eva contra o abuso sexual sofrido. É bonito, é pesado e bem forte.

Gaerea – Mirage

Tenho hoje para mim que a melhor banda de black metal da atualidade é o Gaerea. Em “Mirage” os portugueses trazem aquele black metal catastrófico, denso, sombrio e tétrico, que eu tenho sentido e muito a falta nesses últimos tempos.

Holy Fawn - Dimensional Bleed

Em "Dimensional Bleed", o Holy Fawn consegue criar uma atmosfera sombria e estimulante ao mesclar elementos de shoegaze, post-rock e metal de maneira criativa e original. A banda equilibra o peso das guitarras com melodias melancólicas e sombrias. Assim como um bom vinho ou um bom uísque, merece ser degustado aos poucos.

Secret Shame – Autonomy

O Secret Shame nos presenteou com um álbum de post-punk/gothic rock de altíssima qualidade. A voz de Lena Machina é, ao mesmo tempo, poderosa e bonita, dando vida às músicas. Composições, aliás, cheias de energia e dinamismo, convidando o ouvinte para dançar e se divertir. Eu ouvi esse disco inúmeras vezes, pois é realmente muito bonito.

MV Bill - Dr Drill

MV Bill é um dos nomes mais respeitados e influentes do rap brasileiro e isso se deve em parte à sua voz grave e poderosa e seu jeito criativo e inovador. Neste disco, ele experimenta o gênero drill, que surgiu no início da década de 2010 e se caracteriza por ter referências ao rap clássico, mas com letras mais contemporâneas e diretas, que tratam de temas importantes e sérios, com influências de estilos como o gangsta rap e o hardcore rap. MV Bill consegue equilibrar habilidosamente essas influências e criar uma sonoridade única e atual.

ef - We salute you, you and you!

O ef é um dos meus grupos favoritos de post-rock. Tudo o que eles produzem é de uma beleza, de uma construção melódica, tudo feito de modo impecável. Nesse disco até a voz é empregada como um dos instrumentos musicais e tudo soa de modo belo, harmonioso.

Fake Creators - Figure

Fake Creators é um projeto inovador e criativo, que só poderia ter surgido no Japão. A banda é formada por músicos da famosa banda de math rock LITE e pelo músico especializado em música eletrônica DE DE MOUSE e o resultado é impressionante. As músicas mesclam dance, math rock, techno e rock psicodélico de maneira única. Eu ouviria bem alto se fosse você.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.