Anoushbard: “Nossa música é ouvida em todo o mundo por causa da internet”

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ANOUSHBARD é uma daquelas bandas incríveis que merecem muito a sua atenção. Vindos de Teerã, eles têm um som que inclui instrumentos tradicionais como o daf (um tipo de instrumento de percussão) e o oud (similar a um alaúde), mesclados a death metal e metal progressivo. A gente conversou com Sherwin, vocalista e guitarrista, num bate papo sobre música, cultura ocidental e como a política e a religião podem atrapalhar a vida de muita gente.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a oportunidade de entrevistá-lo e quero começar perguntando sobre sua formação musical e como o Anoushbard começou.

Sherwin: Obrigado por nos receber nesta entrevista. Siavash e eu começamos a tocar guitarra quando éramos adolescentes (nós dois tínhamos 17 anos). Sobre o Anoushbard, bem, começamos em 2017 quando pegamos alguma experiência tocando em outras bandas e resolvemos fazer um álbum que foi lançado em 2020.

Li sobre o nome Anoushbard como uma referência a uma prisão política no Império Sassânida, o último império persa antes da conquista muçulmana. Por que escolheu este nome?

Sherwin: Sim, é verdade. Então, realmente gosto de história e de ler sobre os dias gloriosos de nosso país. Achei esse nome tão conceitual para uma banda de Metal e representa nossa grande história e cultura.

As pessoas aqui no Ocidente sabem muito pouco sobre os problemas políticos no Irã, especialmente sobre os músicos de metal daí. Como e quanto isso afeta você?

Sherwin: Isso me afeta muito, pois trabalhar todos os dias neste gênero está ficando cada vez mais difícil. Você não tem permissão para lançar nenhum álbum e não nem para fazer se apresentar ao vivo. Você tem que ser uma banda underground pelo resto da vida.

O metal é uma cena popular por aí? Peço desculpas por perguntar isso, mas sempre sinto que as pessoas aqui têm uma imagem muito estereotipada sobre países como o Irã e as notícias que chegam aqui muitas vezes criam uma impressão errada do povo iraniano.

Sherwin: Infelizmente não é, uma minoria de pessoas ouve metal aqui. É normal que as pessoas acreditem no que lhes dizem. Se quiser saber o que está acontecendo nessas regiões como a nossa, deveriam evitar dar atenção a agências de notícias falsas.

Uma coisa que notei sobre Abandoned Treasure é o tema do zoroastrismo e acredito que o nome do álbum combina com o fato de que há muita história antiga dos tempos persas que precisa ser trazida de volta. Como foi a concepção do seu álbum nesta temática?

Sherwin: Você entendeu corretamente, é isso mesmo, tentamos lembrar alguns dos valores culturais que se foram para a maioria das pessoas. É por isso que estamos contando algumas velhas histórias, contos e mitos.

O que te influencia, dentro e fora da música? Ao contrário de muitas bandas de metal “orientais” (acho meio bobo esse termo, na verdade), percebe-se que as influências da música persa não se limitam ao uso de instrumentos musicais “exóticos”, mas também à forma como as músicas são compostas, ao mesmo tempo há uma fusão muito bonita com o metal convencional.

Sherwin: Precisa de muita vontade para investigar, fazer muita pesquisa sobre Mitologia Persa. Ler textos antigos para entender o conceito principal da ideologia oriental, que é completamente diferente daquela dos países ocidentais. Essas ideias ajudam a compor as músicas. Tivemos muitos poetas famosos que escreveram sobre esses conceitos como vida, morte e vida após a morte e acho que eles nos influenciaram.

O que você espera para o futuro e apresentações ao vivo? Eu sei que metal é proibido aí, com algumas bandas passando por restrições severas, assim como artistas tendo que ir em outras direções como Emerna.

Sherwin: Estamos planejando shows futuros em outros países e trabalhando em nosso terceiro álbum. Espero que algum dia venhamos ao Brasil também, creio ter alguns fãs por lá.

O quanto a internet te ajuda na divulgação da sua música?

Sherwin: Muito, para falar a verdade. Seria impossível sem Internet. Nossa música é ouvida em todo o mundo por causa da internet e de boas e respeitáveis empresas de relações públicas.

Conte-nos sobre as bandas de seu país que você recomendaria para nós? Estou sempre muito interessado em conhecer diferentes tipos de artistas. Pode ser qualquer gênero que você goste de ouvir, não precisa ser metal nem nada do tipo

Sherwin: Essas são grandes bandas iranianas que eu admiro. Baramant , Kahtmayan , Arsames

Nós aqui somos um site de música brasileiro, então adoraria saber se você conhece ou gosta de alguma banda daqui.

Sherwin: Sou um grande fã do Sepultura, também recentemente vi algumas novas bandas do Brasil que achei muito talentosas como Crypta.

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Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.