Outrora o gênero conhecido como MPB permitia experimentações, muito antes de se transformar nessa música horrorosa para hipster da Vila Madalena. Basta notar uma obra como Opera do Malandro, concebida à partir de uma peça do Brecht, um meio termo entre a chamada ópera-rock e o teatro. Sentia falta de alguém que fosse além e trouxesse aquilo que me chama sempre a atenção em gente como Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção.
Juliana Perdigão lança esse disco extremamente curto com base nas improvisações gravadas em dezembro e é a coisa mais maravilhosa que você vai ouvir hoje. Um texto falado, com pedaços no melhor estilo dadaísta, juntos de uma linha instrumental que vai do rock ao jazz, no melhor estilo Capitain Beefheart (ou seja, espere um instrumental complexo e pouco acessível aos ouvidos desacostumados). Tem tudo o que eu gosto ali: improvisação, poesia fragmentária com escatologia, musicalidade não-convencional, noise e todo o resto.
Em 13 minutos você terá algo para não esquecer e eu ouvi isso no repeat diversas vezes. Que a Juper faça mais coisas assim, que você pode e deve ouvir no Spotify ou no seu serviço de streaming favorito.