Mortal Infinity: “Creio que seja importante ter uma mensagem forte”

3 min


0

You can read this post in: English

Desde 2009 os alemães no Mortal Infinity vêm trazendo o seu thrash metal vigoroso para o mundo. Saindo da Baviera, lar de muitas bandas legais de metal, tivemos a honra de entrevistar Alex Glaser, que nos contou um pouco sobre a banda e como foi conseguir manter uma formação estável.

Estou muito honrado pela oportunidade de entrevistá-los. Iniciando a nossa conversa, nos diga um pouco sobre a banda, pois onze anos passam voando.

A nossa história é bem simples de explicar: Dois rapazes de uma área rural, onde rock e metal não são lá muito grandes e a comunidade é bem dispersa, tiveram a grande sorte de se encontrarem e acabaram montando uma banda de thrash metal. Enquanto as formações mudavam com frequência, ameaçando a existência da banda, a gente conseguiu lançar um EP e três álbuns, além de tocar por toda a Europa.

A primeira coisa que me chamou a atenção foi a alta qualidade de suas músicas. Coloquei o In Cold Blood para tocar e pensei “caralho, isto é foda”. Como foi o processo de gravação deste álbum?

Organizamos a gravação conforme arrumávamos tempo. Todas as linhas de baixo e guitarra foram gravadas de uma vez, seguindo uma linha de bateria programada e depois amplificada. As vozes e a bateria foi feita em estúdio. O Lukas Haidinger do Deep Deep Pressures Studios é o responsável por esta excelente produção, agradeça a ele.

Li por aí que o Truman Capote, um dos meus autores favoritos, inspirou a faixa título (e, não por acaso, foi o primeiro livro dele que eu li, porque meu pai ama o A Sangue Frio). O quão importante é a literatura para vocês?

É importante como inspiração e ponto de vista. Livros como “A Sangue Frio” ou mesmo histórias do H.G. Wells são muito cativantes para mim. Quando se cria uma música de um livro que acabou de ler, ele te dá a possibilidade de recriar os sentimentos e a atmosfera que foi experimentada durante a leitura e tornar essa experiência disponível para todo mundo.

Comparando In Cold Blood com Final Death Denied, noto uma evolução monstruosa tanto na música quanto na composição, com partes menos clichês “thrash” e muito mais personalidade. Como você vê essa evolução?

Enquanto nosso trabalho anterior a gente fazia músicas maiores e mais complexas, com muitas partes diferentes e bem difíceis de serem tocadas ao vivo, o nosso objetivo com In Cold Blood era diferente. Queríamos que cada música fosse direta, com um instrumental claro e direto ao ponto, com o mínimo necessário de edição. Isto ainda soa bem thrash metal, ao meu ver.

Em todo este tempo, a banda cresceu muito, a despeito da dificuldade de manter uma formação. Quais as dificuldades de se manter uma banda independente na Europa? Aqui no Brasil é quase impossível, porque o público prefere bandas de renome ou, em muitos casos, bandas que fazem covers.

É bem diferente por aqui. É fácil gravar e lançar sua própria música, mas tocar ao vivo é mais difícil. A indústria mudou, tem cada vez menos dinheiro para ganhar quando não se consegue vender CDs. Então a estratégia das gravadoras e das agências é ganhar com o planejamento de turnês grandes e festivais de porte. E todos ainda mantém um conjunto de bandas consolidadas no meio, então isso acaba por dificultar para bandas locais e menores um espaço para se apresentarem.

Recentemente muitas bandas de thrash têm retornado e, com isso, ganhando notoriedade, especialmente nestes tempos em que o mundo se encontra. Qual a importância de artistas passarem uma mensagem para as pessoas?

É uma boa pergunta. Creio que seja importante ter uma mensagem forte. E que possa se tornar mensagens diferentes: Por exemplo, você pode cantar sobre a injustiça social, política, religião e o meio ambiente. Fico muito impressionado com bandas como Gojira e Cattle Decaptation, que cantam sobre o quanto estamos cegos e estamos fodendo com o nosso planeta.
Por outro lado, bandas de metal também tem a capacidade de serem fantasiosas, abordando ficção, como acontece com o folk metal, ficção científica e essas coisas. A primeira impressão é que tem uma mensagem forte, mas, pelo menos para mim, pode também ser o momento para sair da sua rotina de merda e deixar sua mente viajar.

Como é a cena aí da Baviera? Curto alguns artistas como Alkaloid, Advocatus Diaboli (que provavelmente acabou), Kultist, Empyrium, Dawn of Eternity, Der Weg einer Freiheit (hoje uma das minhas bandas favoritas de black metal)…

A cena aqui é ok, eu acho, e não é tão diferente do resto da Alemanha. Tem um monte de gente talentosa esperando o momento de serem reconhecidas.

E quais os planos para o futuro?

Iremos focar em apresentações ao vivo, pelo menos por agora. Ano que vem talvez comecemos a produzir um disco novo.

O que você anda ouvindo? Tem alguma recomendação para a gente?

Eu não tenho ouvido os grandes nomes, então vou falar algumas coisas para vocês irem atrás:

High Command – The primoridal void (EP) – Thrash-crossover ala Power Trip, para deixar qualquer thrasher bem feliz.

Mantar – Modern art of setting ablaze – stoner/death metal aqui da Alemanha.

Tomb Mold – Cerulean Salvation (EP) – death metal bem old school vindo lá do Canadá.

Mgła – Age of Excuse – o disco de black metal que todo mundo espera fazer um dia.

Bongripper – Terminal. – uma experiência intensa e bonita com doom metal.

Muito obrigado por esta entrevista. Estamos muito gratos pela entrevista e este é o seu espaço para deixar uma mensagem para os nossos leitores. Manda bala!

Muito obrigado por esta entrevista.

Links Relacionados

https://www.facebook.com/MortalInfinity

https://mortalinfinityofficial.bandcamp.com/

https://www.twitter.com/mortalinfinity

https://www.youtube.com/user/MortalInfinity?ob=0&feature=results_main


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.