Phoebus the Knight: “vamos lutar até o fim para tornar nossa música conhecida”

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Phoebus the Knight é um grupo interessante de power metal, que traz elementos de magia e fantasia, junto com influências de metal e de música erudita, amarrando tudo de forma coesa em uma história fantástica e bonita. Batemos um papo com Axel (vocalista e principal letrista) e Adrien (compositor e guitarrista).

Para começarmos esta entrevista, conte-nos um pouco sobre sua formação musical e sobre Phoebus the Knight.

Axel: Estudei no conservatório do 16º distrito de Paris antes de continuar com Valérie Maucourt, me especializando em canto lírico e com Adeline Bellart, que me deu aulas sobre gutural. Queria um desenvolvimento personalizado para a minha voz sem ficar preso ao canto lírico, então continuei estudando por conta e também com meus companheiros da banda Noémie Allet e Adrien Djouadou. Já o projeto, ele teve início em janeiro de 2019, inicialmente como uma banda solo, com o EP “The Legacy of the Iron Queens”.

O alicerce da banda foi criado quando Adrien Djouadou se juntou a nós em junho de 2019 e escrevemos o “Ferrum Fero Ferro Feror” em março de 2020. Os outros integrantes foram chegando aos poucos até o lançamento do nosso crowdfunding. Em seguida, lançamos nosso primeiro EP, já nesse formato banda, “The Last Guardian”, em 21 de junho de 2022. Nosso primeiro show aconteceu em 28 de setembro e depois de tudo isso lançamos nosso primeiro álbum, “Ferrum Fero Ferro Feror”, no dia 30 de janeiro deste ano e nosso segundo EP “The Cursed Lord” em 21 de junho. O segundo álbum está quase pronto e novidades incríveis estão por vir nesta primavera.

Adrien D. : Estudei violão clássico e guitarra e me formei nessas áreas no Conservatório de Avignon. Logo depois estudei canto lírico no Conservatório do 10º distrito de Paris, obtive um diploma e fui para a HEMU de Lausanne para continuar meus estudos. Comecei a trabalhar profissionalmente como cantor de ópera nessa época. Recentemente, fiz meu mestrado em canto de ópera e continuo com minha carreira acadêmica no assunto. Durante todos esses anos sempre tive bandas nas quais eu tocava e cantava, além de escrever toda a música. Foi assim que aprendi a compor músicas sozinho. Cantar muita ópera me ensinou a escrever para orquestra e é isso que adoro em nossa banda: combinar minhas paixões por metal e música clássica. Os outros músicos da banda, Noémie Allet (baixo/vocais), Adrien Guingal (guitarra) e Guillaume Remih, são todos excelentes músicos e temos muita sorte de tê-los conosco!

Qual é a origem do nome “Phoebus the Knight” e o que ele significa? Acho que é um nome excelente para uma banda de power metal, pois soa épico e majestoso, ao mesmo tempo em que evoca a atmosfera de romances antigos.

Axel: Phoebus significa “deus solar” ou “portador da luz” em grego. Queríamos que esse personagem transmitisse os valores dos Alquimistas, a elevação da humanidade física, intelectual e espiritualmente. Ele é um cavaleiro, portanto, jurou proteger os fracos.

Suas influências musicais vão do metal tradicional ao rock progressivo. Como vocês combinam esses diferentes estilos na banda? Ouvindo com atenção, encontro muitas referências ao death metal em alguns dos riffs e até mesmo em óperas clássicas.

Adrien D.: As principais influências musicais que escolhemos para guiar nossa música incluem Nightwish, Epica, Rhapsody of Fire, Fairyland, Cradle of Filth, Dream Theater e Powerwolf, entre outras. No entanto, essas bandas foram escolhidas para nos dar uma direção, pois, no fundo, não soamos exatamente como elas, mesmo que às vezes possamos perceber algumas semelhanças. Quanto às influências do death metal, sou apaixonado por músicas extremas, como black, death e thrash metal, então acredito que isso acabou fluindo naturalmente para a nossa música. O Axel também gosta bastante as bandas sinfônicas mais pesadas, e isso se encaixou muito bem!

Em relação às partes clássicas, Mozart, Bach, Puccini, Wagner, Fauré, Saint-Saëns ou Debussy são alguns dos meus compositores favoritos. Sinceramente, não penso muito em como combinar tudo isso. As coisas se encaixam naturalmente na minha cabeça depois de ler as letras que o Axel me envia. Depois, só preciso ir para o computador, escrever e gravar o que ouvi.

Axel: Claro que Tolkien é o autor ao qual mais me refiro nas minhas músicas, mas não apenas ele. Fui muito influenciado por Alejandro Jodorowsky, François Froideval e, obviamente, Olivier Ledroit.

Conte-nos um pouco sobre o conceito das histórias que vocês criam em suas músicas sobre os Cavaleiros de Heliópolis (curiosidade: aqui no Brasil, temos um lugar onde vivem pessoas pobres também chamado Heliópolis).

Axel: Phoebus é um membro dos Cavaleiros de Heliópolis, uma ordem de alquimistas que juraram proteger os fracos e elevar a humanidade. Heliópolis se refere à cidade egípcia de mesmo nome que, em grego, significa “a cidade da luz”.

Adrien D. : Eu não sabia disso sobre o Brasil. Estou curioso para saber por que ele tem esse nome e vou procurar mais sobre Heliópolis!

Os cavaleiros de Heliópolis são alquimistas que protegem a humanidade por trás das cortinas ao longo das eras. As histórias que contamos se desenrolam durante a nossa história humana, porém a maioria das pessoas desconhece a existência de um mundo mágico que influencia o mundo humano. Assim, no Phoebusverso, fatos históricos se entrelaçam com alta fantasia. Atualmente, em nossos lançamentos, acompanhamos os cavaleiros lutando contra uma entidade sombria chamada Besta, que desencadeou a Revolução Francesa com um propósito desconhecido. Em nosso último EP, apresentamos uma história paralela em que os cavaleiros enfrentam Gilles de Rais, que se voltou para a magia negra e a demonologia.

Uma coisa que realmente chama minha atenção em sua música é o uso de elementos da música clássica de uma forma muito orgânica, muito mais do que costumo ouvir em muitas bandas de metal sinfônico, porque a parte “clássica” não está lá apenas para enfeitar a música, mas sim harmonizada com as guitarras e outros instrumentos. Como você chegou a esse resultado?

Adrien D.: Agradeço o seu comentário sobre a nossa música! Obrigado! Eu realmente quis que a palavra “sinfônico” tivesse um significado em nossa música. Acredito que elementos sinfônicos são os mais fortes para apresentar um universo e uma história ao público, trazendo também dramaturgia e beleza. Por essa razão trabalho com a banda como parte da orquestra, e não como duas entidades separadas. Assim, as guitarras, baixo e bateria fazem parte da grande arquitetura que tento criar para cada canção. No final, a banda de metal está lá para dar poder ao som e complementar o que a orquestra está fazendo, então eu diria que as guitarras não são as estrelas da música, exceto nos solos.

Eu gostaria muito de falar sobre os vocais. Para uma banda de power metal, adoro que vocês não usem vozes extremamente agudas o tempo todo e optem por um tom mais baixo, incluindo alguns guturais bem fortes em algumas músicas. Como foi planejado esse conjunto de vozes para ter um som tão legal?

Adrien D.: Em relação às vozes, temos muita sorte de ter não apenas um, mas três cantores na banda. Noémie é cantora profissional, preparadora vocal e vocalista da banda Hartlight, e eu também sou orientador vocal e cantor de ópera profissional, como falei antes. Axel queria que usássemos nossas vozes para encarnar diferentes personagens da história, pois isso traz mais cores à paleta vocal e mais diversidade de vozes para os diferentes personagens. Axel interpreta mais Phoebus e a Fera, e ele usa mais os gritos e rosnados da Fera para encarnar esse lado maligno. Noémie e eu interpretamos nossos personagens de cavaleiros de Heliópolis e que são amigos de Phoebus, mas também outros personagens. Por exemplo, em “The Fall of Baraz Dûm”, do nosso primeiro EP, Noémie interpreta Sigrid, princesa anã da fortaleza de Baraz Dûm, e eu interpreto o rei dos anões. Todos nós achamos que isso também dá uma oportunidade a várias vozes com passagens ocasionais de liderança feitas por nós e mais coerência ao nosso conceito.
O fato de Axel ter uma voz grave também é algo excelente e original no gênero Power Metal, pois isso é muito raro. Acredito que isso dá outro ponto de vista sobre a palavra “Power”, com algo majestoso e fundamentado.

Axel: Muito obrigado! Penso na minha voz como um instrumento que devo explorar constantemente para ter a maior paleta possível de cores. Hoje estou trabalhando em uma nova técnica vocal, cujos resultados você verá no futuro!

Adrien D.: Eu sei a que técnica o Axel se refere e, quando a usarmos em uma música, tenho certeza de que surpreenderá a todos!

Quão importantes são as apresentações ao vivo para a banda? O que querem transmitir ao público com seus shows? Pergunto isso porque imagino a dificuldade para executar tantas partes diferentes ao mesmo tempo em shows, com tantos instrumentos, mudanças de compasso e outras coisas.

Axel: Acima de tudo queremos contar uma história, a dos cavaleiros de Heliópolis! Quanto mais recursos tivermos, mais figurinos e artistas vamos colocar no palco para contá-la.

Adrien D.: Realmente queremos que as pessoas viagem para outro lugar, longe dos problemas da vida, para desfrutar de um momento bonito e empolgante conosco! Musicalmente, sendo honesto com vocês, trabalhamos com uma orquestra sampleada que programei porque ainda não temos dinheiro para ter uma real, portanto acredito que não seja tão complicado tocar nossa música no palco. Somos todos músicos que sabem o que estão fazendo, felizmente! Então, acho que está tudo bem! Temos muito prazer em fazer shows ao vivo!

Eu, durante toda a minha adolescência como geek e jogador de RPG, passei anos ouvindo muito power metal e metal sinfônico, mas com o tempo, deixei isso de lado porque me interessei mais por bandas de música experimental, incluindo muita avantgarde e noise. No entanto, sempre aprecio bandas com ótimas ideias, como Phoebus the Knight, que me lembram da época em que eu podia fingir matar dragões enquanto ouvia Rhapsody of Fire. Como vocês veem a cena do power metal e metal sinfônico? Vocês acham que há espaço para inovação e boas bandas novas?

Axel: Estar em uma banda de metal é fazer uma maratona de cinco pessoas e avançar no mesmo ritmo. Todos nós escolhemos sacrificar muito para participar dessa aventura. Mas seria impossível vivermos de outra forma. Vamos lutar até o fim para tornar nossa música conhecida e para poder viver dela.

Adrien D.: Nós nos identificamos muito! Todos nós na banda somos geeks que adoram jogos de RPG! Na verdade, tendemos a acreditar que nossa música também é dedicada a pessoas como você e nós. Quanto à sua pergunta sobre a cena, bem, costumo focar mais em nossa música do que em analisar a cena ao nosso redor. O que posso dizer é que eu ouço mais bandas antigas do que novas, pois meus gostos não são muito orientados para o moderno. Mas adoro bandas como Whispered ou Fairyland, que são meio velhas até, mas apresentam músicas que soam muito pessoais! Quanto às bandas novas, há nomes como Exanimis ou Etwas que estão fazendo um trabalho tremendo. Projetos como Love Anarchy ou Ben Sebastian também estão cheios de ideias incríveis. Por enquanto, todas essas bandas ainda não são muito conhecidas, mas elas merecem ser!

Somos um site brasileiro e sempre gosto de perguntar se vocês conhecem ou gostam de alguma banda brasileira. Se sim, poderiam comentar um pouco?

Adrien D.: Não vou ser muito original, mas Angra é, claro, uma referência. Também recomendo Tierramystica, que está fazendo um ótimo trabalho combinando metal com música andina!

Gostaria de agradecer muito pelo tempo e pela entrevista. Este é o espaço para deixarem uma mensagem aos nossos leitores. À vontade.

Adrien D.: Muito obrigado pela entrevista e suas ótimas perguntas! E agradecemos a todas as pessoas que nos acompanham e se interessam por nossa música!

Axel: Muito obrigado pelo tempo que você nos concedeu, nobre cavaleiro! Que O Um os abençoe. Ferrum Fero Ferro Feror!

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Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.