ENTREVISTA: Öxxö Xööx

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11025723_848716518503651_5496027638918729439_nA França com toda certeza nunca deixa de nos surpreender musicalmente. Não é de hoje que ótimos artistas vem de lá. Öxxö Xööx é um desses artistas. Tendo dois CDs lançados (Rëvëürt e Nämïdäë) a banda já mostra sua originalidade. Cantanto em um idioma inventado por eles a banda tem muito o que contar com suas músicas. Confira a entrevista que fizemos com eles.

GroundCast: Para começar a entrevista, conte como a banda se originou.
Desde criança sou fascinado com universos paralelos e outros mundo. Sempre desenhei muito e coloquei essas idéias para fora. Assisti inúmeros documentários sobre ficção científica e filmes do mesmo tema, sempre vi isso como um todo.
A História sem Fim ajudou bastante, é a história de uma realidade infinita atacada pelo nada. Isto é Fntástica, um universo criado pela fantasia de um homem. Eu tinha 8 anos quando ele foi lançado e os conceitos do filme ainda me influenciam. Para mim, Fantástica é a realidade de onde viemos antes de encarnar em nossos corpos (que são limitados por cinco sentidos e três dimensões). Rapidamente desenvolvi a idéia de que a consciência deveria purificar e se libertar da dualidade, densidade e limitações terrenas.
Comecei o projeto em 2006. No começo eu contei muito sobre extra-terrestres/seres dimensionais, então um pouco de ecologia, espiritualidade (desconectada da religião), trevas, amor, luz, etc.

GroundCast: Quais as suas influências?
Tudo é fonte de inspiração: realidade, conversas densas, um trabalho artístico, um sonho, a interaçã cm um animal, planta. Eu passo boa parte do tempo pesquisando sobre domínios estranhos, guiado apenas pela minha intuição e esperando que eu chegue perto de alguma verdade irrealizável. Isto me lembra uma cena no primeiro filme MIB (Men in Black( quando eles procuram um alienígena insetóide. Agente K diz ironicamente que existe alguma verdade nas notícias, enquanto ele compra revistas extravagantes esperando encontrar alguma coisa nelas. Nosso mundo é um mundo de mentiras, a verdade está onde nós menos esperamos e eu acredito que ela é mais louca e surpreendente do que podemos imaginar. Meu objetivo é entender o porquê de termos nos distanciado da verdade universal, da luz. Como o príncipe de St-Exupéry disse: “A linguagem é a fonte dos mal-entendidos”. São as nossas cordas vocais que nos possibilitam mentir, se nós fossemos telepaticamente conectados, não poderíamos mentir e essa realidade seria mais pura e luminosa.
Então para responder a pergunta: Sou influenciado por todas as coisas que me ajudam a revelar as engrenagens que escondem as coisas que não devíamos saber. Porque isto iria nos libertar do medo, e o medo é usado para controlar a mente humana.

GroundCast: Algo realmente intrigante é que a banda criou seu próprio idioma para as letras. Você13428525_1109546302420670_4662640199488094621_n pode nos contar como surgiu essa idéia e como foi o processo de criar esse idioma?
A criação foi um processo natural para mim, não senti que idiomas como o inglês ou o francês seriam suficientes. Não gostava da idéia de usar idiomas existentes ou sons que não fossem criados por mim. Eu tinha o sentimento de pegar emprestado e usar algo que não era meu. Então eu abri meu instinto completamente e comecei a cantar com os sons que eu usava com mais frequência. Eu isolei cada som e fiz um léxico dele. Tenho algo em torno de quatrocentas palavras agora.

GroundCast: A banda tem dois álbuns, Rëvëürt and Nämïdäë. Quais são os principais conceitos por trás deles, eles são conectados de alguma forma?
Os dois álbuns são conectados. Eles são parte de um processo global. Öxxö Xööx é também o sinônimo de dualidade. Assim eu tive a idéia de compor os álbuns como pares, mesmo que não pareça a primeira vista. A idéia do projeto é a evolução para si mesmo, o retorno para a infinita perfeição que nós perdemos quando viemos para esse mundo. Fazendo um resumo rápido, Rëvëürt, é o despertar de nosso coração, nossa luz, nossa alma, nossa amor atrofiado em contato com a densidade, um grito que vem das profundezas da alma para dizer que estamos cansados do mal, é um despertar global.
Nämïdäë é a realização uma vez que acordamos, realização do mundo em que estamos, olhando para as coisas e chorando todas as lágrimas dos nossos corpos a frente as trevas e a Guerra. Eles são álbuns sombrios, mas é o começo de um despertar. Tenho o conceito de quatro álbuns que virão, sempre em pares.

GroundCast: Como é o processo de composição, a banda possuí um compositor principal?
Eu componho tudo no meu computador de forma intuitiva e sem nenhum obstáculo. Quando possuo o começo de uma estrutura eu analiso e vejo os detalhes para ver se tem alguma coerência harmônica. Eu criei meu próprio jeito de compor e ele é muito efetivo para mim (após vinte anos experimentando, comecei a desenvolver minha própria experiência e métodos). Compor não é o que toma mais tempo, mas sim letras, decidir algumas coisas com a banda (a parte visual por exemplo) isso sim leva tempo.

11393136_894938180548151_7654156536650060955_nGroundCast: Vivemos na era da internet, lugar onde praticamente se consegue quase qualquer material (áudio ou vídeo por exemplo) gratuitamente. Qual a sua opinião sobre isso?
Como tudo que consiste nosso mundo, existe a parte boa e ruim. Conteúdo gratuito é bom, pois permite que novas idéias apareçam e sejam desenvolvidas na consciência humana, mas é péssimo para artistas que como qualquer outra pessoa tem que pagar contas todos os meses. Pessoalmente eu acredito que o verdadeiro artista não comercializa seu trabalho. Arte é algo que vem de algum lugar que não pode ser julgado ou vendido, vem de outra dimensão, mais pura e infinita. O artista tem que fazer o que precisa ser feito sem aprender a vender a si mesmo. Se sua arte lhe trouxer dinheiro, tudo bem, mas não é o mais importante. Quantos artistas mudaram a visão do mundo enquanto viviam como mendigos. De qualquer forma, quando trabalhamos para a luz isto nos trás algo de volta, mesmo que esse seja o caminho difícil.
No mundo em que vivemos, a arte é um grito que nós dá força, esperança, que perturba ou provoca o pensamento sobre nossa condição como uma massa viva encarnada e nossa mentalidade estreita. Uma flor que se espremeu pelo frio, cinza e rígido concreto. O verdadeiro artista não teme a si mesmo e não se sente sozinho, pois está conectado com algo além do mundo, algo superior, que transcende os paradigmas ridículos desse mundo limitado. A verdadeira arte é bonita, selvagem e livre.
Acredito que cada um que seja fa de um artista deva se aproximar dele para ajudar, financialmente falando, para ajuda-los no que eles fazem. Vivemos em um tempo onde patrocínios não existem mais e pessoas não compram álbuns como antes. Algo está for a do eixo, as pessoas deveriam perceber isso.

GroundCast: E sobre os serviços de Streaming (para ouvir música)?
Streaming é excelente para descobrir novos artistas, problema é que essa sociedade ainda não achou a forma correta de se aproximar da arte. Se nós amamos um artista, nós devíamos dar a ele um pouco de dinheiro, materiais, comida, etc. Particularmente não acredito que isso exista. O artista precisa de um certo número de visualizações para que seja pago por seu trabalho nos serviços de streaming. Deveriam criar alguma ferramenta em que pudéssemos ajudar os artistas de gostamos de forma mais fácil.

GroundCast: Uma pergunta que talvez muitos façam, como se pronuncia o nome da banda? 11391160_894938197214816_6510715150630058385_n
Da forma mais fácil possível.

GroundCast: Pesquisando um pouco eu vi que os membros do projetos estão envolvidos em outras cenas musicais, enquanto Öxxö Xööx é mais metal. Como é a cena musical francesa?
Morar na França nem sempre é fácil para um artista. É uma cultura antiga e não é fácil se quebrar barreiras nas mentes das pessoas. Paradoxalmente quando algo é difícil a mente humana aprende a superar isso e se impor.
É vállido para bandas e para band managers, mas colocando isso de forma óbvia, tudo é possível quando queremos que isso seja, acima de tudo, quando queremos ir ara o Sol.

GroundCast: Como você definiria o projeto?
Öxxö Xööx é a minha criança, isto significa que eu me expresso através dela, coisas que eu não poderia simplesmente me expressar com palavras. Idéias, vibrações particulares, conceitos filosóficos, aspectos visuais de uma outra realidade que não é a nossa, etc. Significa ser entendido por outros, para contar o que eu tenho para contar e fazer o que eu tenho que fazer enquanto estou aqui. Conectar com minha imaginação sem restrições. Öxxö Xööx é como uma árvore que foi plantada bem fundo na terra, mas que cresce e alcança os céus e dessa forma permite que a luz toque as raízes e cure a terra.

GroundCast: Obrigado pela entrevista, agora o espaço é seu para falar com nossos leitores.
Eu é que agradeço, foi um prazer.
Há muito o que dizer, um espaço vazio que precisa ser preenchido. Direi que todos somos parte de uma rede luminosa, que é limitada por algo não conectado a harmonia e perfeição para que assim possa nos separar e machucar. O emaranhamento quântico prova que a separação entre os objetos é uma ilusão, que eles estão todos conectados e que devemos considerar o sistema como um todo. O universo como um todo seria um único ser. Isto quer dizer que quando nós somos violentos ou matamos algo para nos alimentar, nós afetamos nós mesmos e nos matamos no processo. Portanto, nós devemos nos amar (todos os seres viventes) para nos purificar e chegar a harmonia e perfeição multi-universal. Tudo vai em direção ao amor, isto é inelutável.

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Ilustrador, designer, vocalista, artista plástico e pentelho ans horas vagas. Fã de heavy metal e outras coisinhas mais.