Satanique Samba Trio – Só Bad (2023)

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Faz um bom tempo que conheço o trabalho dos brasilienses do Satanique Samba Trio. O grupo desafia tradições musicais brasileiras há mais de duas décadas, com um lado experimental dissonante e sem nenhum tipo de paralelo. Apesar do nome, o projeto nunca foi um trio, agora sendo um quinteto e que faz muito, mas muito barulho.

Nesse disco arrisco a dizer que eles foram mais longe no experimentalismo, embora isso represente pouco da genialidade desse álbum. É como se Luiz Gonzaga fosse trocar uma ideia com Karlheinz Stockhausen enquanto tomam uma caipirinha numa roda de samba.

Desconstrução eu acho uma palavra inapropriada para eles. Eu gosto de falar que eles reconstroem, refazem e também homenageiam o nosso patrimônio cultural musical em trinta canções que vão do forró ao samba, passando pelo free jazz, improvisação e alguma coisa de música concreta / eletroacústica.

Sim, nesse disco a produção, seja ela em lo-fi ou mesmo “desgastada”, como disse o Munha nesse belo texto aqui, faz parte da composição. Nos anteriores não era tão evidente o quanto tudo que está presente na massa sonora que a compõe. Até mesmo os “erros” de gravação estão presentes para mostrar composições não são apenas os instrumentos, mas também tecnologia e local.

Além disso, é um álbum difícil de digerir, ao mesmo tempo que é familiar. Você percebe que tem algo ali que soa conhecido, no mesmo instante alguma coisa estranha te puxa de volta enquanto várias camadas de experimentação passam pelos seus ouvidos. É música brasileira, mas também não é.

Por isso considero este um dos discos mais interessantes e que, pela primeira vez, me fez sentir estranhado e num maravilhamento sem explicações. Apenas escutem.

Satanique Samba Trio – Só Bad (2023)

Descrição: Então, meu amigo...

Artista: Satanique Samba Trio

Duração: 00:36:40

Álbum: Só Bad

Gravadora: Independente

Gênero: Experimental

  • Nota Geral - 9.5/10
    9.5/10
9.5/10

Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.